Belém (PA) – O presidente da Natura, João Paulo Ferreira, afirmou que projetos na Amazônia só prosperam com visão de longo prazo e disposição para assumir riscos. “Se o objetivo é obter retorno no próximo trimestre, não venha para a Amazônia”, declarou durante a COP30, em Belém.
Há mais de dez anos, a companhia mantém em Benevides, a cerca de 30 km da capital paraense, um ecoparque dedicado a pesquisa, desenvolvimento e manufatura. Além disso, instalou 21 agroindústrias comunitárias para processar insumos ainda na floresta, gerando emprego e renda nas localidades.
Ferreira destacou que sustentabilidade e regeneração são parte central do modelo de negócios da empresa. “Não é um pedágio para mitigar impactos; está incorporado no cerne da operação”, afirmou.
Para custear as iniciativas, a Natura criou o Mecanismo Amazônia Viva, formado em parceria com bancos de fomento como FUNBIO e VERT. A energia das unidades conta com sistemas desenvolvidos pela Weg, enquanto a Siemens auxilia na automação e monitoramento remoto com inteligência artificial.
A proximidade com a floresta acelerou a identificação de espécies com potencial cosmético. Entre os exemplos citados, o tucumã, que produz ácido hialurônico naturalmente, resultou em patentes para linhas como Chronos e Ekos.
Imagem: redir.folha.com.br
A empresa acompanha o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das suas consultoras, medindo trabalho, renda, educação, saúde e cidadania. O Instituto Natura concede bolsas de estudo a consultoras e seus filhos, enquanto a fintech interna NaturaPay oferece serviços financeiros condicionados a cursos de educação financeira.
Em 2025, a marca foi eleita a mais sustentável do mundo pela Kantar e manteve, pelo 11º ano consecutivo, a liderança do ranking de reputação corporativa Merco no Brasil. Para Ferreira, esses resultados reforçam o valor de integrar sustentabilidade ao negócio, embora o ganho não apareça imediatamente nos balanços trimestrais.
João Paulo Ferreira, 57 anos, engenheiro elétrico formado pela USP e com MBA executivo pela Universidade de Michigan, ingressou na Natura em 2009 e ocupa o cargo de CEO desde 2016.