Natura aposta em serviços e fintech para enfrentar cenário econômico adverso, diz executivo

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São Paulo – A Natura estruturou novos negócios para atravessar o cenário de juros altos e inflação pressionada no Brasil, afirmou o vice-presidente de Novos Negócios da companhia, José Manuel Silva, em entrevista.

Desde 2021, a taxa básica Selic saltou de 2% para 13,75%. Nesse período, diversas varejistas que se expandiram na fase de crédito barato ficaram sobrecarregadas de dívidas. A fabricante de cosméticos decidiu então vender participações nas marcas internacionais The Body Shop, Aesop e Avon Internacional, voltando o foco ao mercado interno e à diversificação de receitas.

Fintech própria e plataforma de serviços

Silva lembra que, após ajustes operacionais, a companhia tomou duas decisões principais:

• Emana Pay – Lançada em 2020 com o nome Natura Pay, a fintech oferece serviços financeiros às consultoras. Mais de um milhão de revendedoras utilizam crédito por meio da plataforma.
• Bluma – Empresa criada para levar serviços de beleza a clientes em domicílio, salões, spas e outros pontos de grande circulação.

“Essas frentes geram captação, financiamento e dados sobre consumidoras, algo que sempre foi limitado no modelo de venda direta”, disse o executivo.

Expansão de spas e pontos de contato

Nos últimos dois anos, a Natura contabilizou mais de um milhão de horas de atendimento em serviços de beleza. A estratégia inclui:

Imagem: redir.folha.com.br

• Abertura iminente de dois grandes spas: um em um dos principais aeroportos internacionais do país e outro, batizado de By Ekos, em um resort litorâneo.
• Espaços fixos de bem-estar em cerca de 65 empresas e em eventos corporativos.
• Operação semelhante já em funcionamento no hotel Pullman, junto ao Aeroporto de Guarulhos.

Segundo Silva, a presença em aeroportos e locais com grande fluxo facilita o acesso do consumidor aos serviços, transformando o atendimento em ponto de venda e meio de coleta de dados sociodemográficos.

Preparação para um ambiente mais difícil

O executivo projeta uma conjuntura “pior do que a atual” por causa do chamado tarifaço e de assimetrias de inflação em itens como alimentação, transporte e medicamentos. “Se nada mudar, o consumo será impactado, mas estamos mais bem equipados do que antes”, afirmou.

Perfil do executivo

José Manuel Silva, 45 anos, nasceu em Porto (Portugal) em 1980. É mestre em Economia pela Universidade do Minho e tem MBA em Gestão Estratégica pela Universidade Federal do Paraná. Com 24 anos de experiência em tecnologia, operações e desenvolvimento de produtos em instituições como HSBC, Bradesco, Carrefour e Sofisa, ingressou na Natura em 2021.