John M. Martinis, um dos vencedores do Prêmio Nobel de Física deste ano, anunciou nesta segunda-feira (10) a criação da Quantum Scaling Alliance, grupo que reúne a Hewlett Packard Enterprise (HPE) e vários nomes de peso da indústria de semicondutores com o objetivo de desenvolver um supercomputador quântico produzido em massa.
As empresas pretendem aplicar métodos e ferramentas já usados para fabricar centenas de milhões de chips por ano em smartphones, laptops e servidores de inteligência artificial, superando o modelo artesanal que ainda predomina na área quântica. “Achamos que chegou a hora de adotar um processo profissional padronizado, com equipamentos altamente sofisticados”, afirmou Martinis.
A aliança conta com a participação da Applied Materials, fornecedora de equipamentos de fabricação de chips, e da Synopsys, conhecida por seu software de design de circuitos. Integram ainda o consórcio as companhias 1QBit, Quantum Machines, Riverlane e a Universidade de Wisconsin.
Desde os primeiros experimentos na década de 1980, os processadores quânticos — formados por qubits — são produzidos em pequenos lotes. A proposta do novo grupo é ampliar a escala sem perder qualidade, construindo unidades maiores e mais uniformes.
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À medida que esses chips se tornarem mais complexos, eles precisarão trabalhar em conjunto com computadores clássicos para funções críticas, como correção de erros. No entanto, ainda não há padrões consolidados para essa integração, o que representa um dos principais desafios, segundo Masoud Mohseni, líder da equipe quântica da HPE. “Em cada nível de escala surgem obstáculos completamente novos”, observou.
IBM, Microsoft e Alphabet também investem em computação quântica, mas as iniciativas costumam ser desenvolvidas por equipes restritas, cada uma construindo suas próprias máquinas. A Quantum Scaling Alliance quer romper esse formato, visando uma produção que atenda a demandas comerciais amplas em química, medicina e outras áreas onde problemas levariam milhares de anos para serem resolvidos por computadores tradicionais.