A combinação de aumento do endividamento público mundial e maior instabilidade internacional tem favorecido aplicações em ouro e Bitcoin, avalia Caio Zylbersztajn, sócio da Nord Investimentos.
Zylbersztajn lembra que, no pós-pandemia, governos de diversas regiões ampliaram gastos para reaquecer suas economias e custear programas sociais voltados ao envelhecimento populacional. Esse movimento, segundo ele, provocou perda de valor de moedas como dólar, euro e real em relação a ativos tangíveis.
“Com mais despesas, investidores e bancos centrais recorreram ao ouro para preservar patrimônio”, afirma.
Outro fator citado pelo executivo é o aumento do risco geopolítico desde 2022, início da guerra entre Rússia e Ucrânia. O congelamento de US$ 300 bilhões em reservas russas e a exclusão do país do sistema Swift intensificaram a busca por meios de transferência fora do alcance de sanções, o que elevou a demanda por criptomoedas baseadas em blockchain, como o Bitcoin.
Para a Nord, ouro e Bitcoin compõem o grupo de investimentos alternativos da carteira internacional, que inclui ainda renda fixa e ações globais. “Nosso principal trabalho é definir o tamanho da posição, porque, se depender do investidor, ele tende a concentrar demais em ouro ou Bitcoin”, explica Zylbersztajn.
Imagem: Bianca Holland via infomoney.com.br
A gestora sugere alocar 1% do patrimônio em ativos digitais — criptomoedas, ETFs ou índices — com ênfase no Bitcoin, detalha Renato Breia, sócio-fundador da Nord.
Breia acrescenta que o portfólio médio do brasileiro é assimétrico e exposto a riscos locais. Para reduzir volatilidade e buscar retornos superiores, ele recomenda ampliar a parcela internacional. Clientes de alta renda já destinam cerca de 30% a 35% do capital ao exterior, enquanto o objetivo para perfis conservadores fica entre 10% e 15%.
O executivo considera “muito arriscado” chegar a 2026, ano eleitoral, sem posição fora do país.