Emmanoel Schmidt Rondon tomou posse como presidente dos Correios na manhã de sexta-feira (26), em cerimônia reservada a autoridades do governo e empregados da companhia, em Brasília.
Logo no primeiro discurso, Rondon reconheceu a situação “delicada” da estatal, que registra sucessivos prejuízos e pode precisar de apoio do Tesouro Nacional para honrar compromissos de curto prazo. “Honestidade, ética e transparência são valores inegociáveis diante do atual quadro financeiro”, destacou nota divulgada pela empresa.
Gerente-executivo da Diretoria de Governo do Banco do Brasil até então, Rondon foi escolhido pelo governo Lula para substituir Fabiano Silva dos Santos, que pediu demissão em 4 de julho; a troca só foi oficializada neste mês.
No segundo trimestre de 2025, os Correios registraram resultado negativo de R$ 2,64 bilhões, montante cinco vezes maior que o anotado em igual período de 2024. O rombo pressiona o caixa, já provoca atraso a fornecedores e pode comprometer o pagamento de despesas básicas.
Segundo integrantes do governo, os próximos 30 dias serão dedicados a um diagnóstico completo das finanças e à projeção de cenários. Entre as medidas em estudo está a renegociação de um empréstimo de R$ 1,8 bilhão firmado neste ano, passível de cobrança antecipada após o disparo de cláusulas restritivas ligadas ao volume de sentenças judiciais contra a companhia.
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Em 16 de setembro, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, reuniu-se com representantes do BTG Pactual e do Citibank, líderes da operação de crédito, para discutir ajustes no contrato. Dois dias depois, Durigan recebeu o próprio Rondon na pasta para tratar do mesmo tema.
O ministro das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, presente à posse, afirmou que a prioridade é conciliar a recuperação financeira da estatal com a manutenção da universalização do serviço postal. Caso o Tesouro seja obrigado a injetar recursos, a ajuda ocorrerá em um momento de forte restrição fiscal para a União.
A nomeação de Rondon ocorre em meio à elaboração de um plano de contingência para impedir a interrupção de serviços e estabilizar o caixa da empresa.