Altos representantes de Canadá, México e outros grandes compradores dos Estados Unidos intensificaram, nesta quarta-feira (30) e quinta-feira (31), negociações em Washington para tentar fechar acordos de última hora com o presidente norte-americano, Donald Trump, e escapar de novas tarifas que passam a valer a partir de 0h01 desta sexta-feira (1º), no horário de Nova York.
O esforço ocorre na véspera da retomada de alíquotas máximas sobre produtos estrangeiros, anunciadas em abril, mas suspensas temporariamente após forte reação dos mercados. Países que não assinarem um entendimento até o prazo final voltarão a ser taxados.
Na quinta-feira, Trump afirmou em sua rede Truth Social que será “muito difícil” chegar a um consenso com o Canadá depois de Ottawa declarar apoio à criação de um Estado palestino. A iniciativa canadense segue posicionamentos semelhantes de França e Reino Unido e deverá ser formalizada em reunião da ONU em setembro.
O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, reconheceu que a retirada de todas as tarifas impostas por Washington é improvável. Israel e os EUA rejeitaram as críticas feitas por Carney ao governo israelense.
Segundo maior parceiro comercial dos EUA, o Canadá comprou US$ 349,4 bilhões em produtos norte-americanos em 2024 e exportou US$ 412,7 bilhões, de acordo com o U.S. Census Bureau. O país é o principal fornecedor de aço e alumínio ao mercado norte-americano e já enfrenta sobretaxas sobre esses metais e sobre veículos.
Trump ainda não revelou qual tarifa aplicará ao Canadá; porém, jornais como “The New York Times” e “Financial Times” indicam que o percentual pode chegar a 35%.
Para o México, maior parceiro dos EUA, a Casa Branca já definiu tarifa de 30%, que entra em vigor nesta sexta-feira. Delegados mexicanos estão entre os que buscam acordo de última hora na capital norte-americana.
A Índia esteve perto de um entendimento, mas acabou incluída em uma tarifa de 25% anunciada na quarta-feira (30), informaram fontes ao “Financial Times”.
Imagem: Lula via redir.folha.com.br
Diplomatas estrangeiros relatam negociações intensas com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e com o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. Embora descrevam Lutnick como peça “fundamental”, afirmam que as decisões finais permanecem com Trump, que já rejeitou propostas apresentadas por auxiliares e exigiu concessões adicionais.
O presidente interveio pessoalmente em vários diálogos, inclusive em uma ligação entre Lutnick e o ministro do Comércio indiano, segundo o “Financial Times”.
Trump também precisa decidir se prorroga a trégua na guerra comercial com a China. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, e Greer concluíram nesta semana, na Suécia, a terceira rodada de conversas com representantes de Pequim.
O governo havia prometido “90 acordos em 90 dias”. Até agora, sete países e a União Europeia anunciaram acertos com Washington.
Parceiros que não chegarem a um consenso até 0h01 desta sexta-feira enfrentarão o restabelecimento de tarifas elevadas nos EUA.
Com informações de Folha de S.Paulo