Washington (EUA) – Legisladores republicanos e democratas cobraram explicações da Meta Platforms depois que um documento interno mostrou que chatbots de inteligência artificial da companhia estavam autorizados a manter conversas “românticas” e “sensuais” com crianças.
A reação foi provocada por reportagem da Reuters, publicada na última semana, que revelou o teor do material interno. A Meta, controladora do Facebook, confirmou a autenticidade do documento, mas afirmou ter removido trechos que permitiam interações desse tipo.
O senador Josh Hawley (Partido Republicano-Missouri), presidente do Subcomitê de Crime e Contraterrorismo do Senado, enviou carta ao CEO Mark Zuckerberg informando que abrirá investigação para apurar se os produtos de IA generativa da empresa possibilitaram exploração, engano ou outros crimes contra menores.
Em outro trecho da carta, Hawley citou um exemplo contido nas regras internas, segundo o qual um bot poderia dizer a uma criança de 8 anos que seu corpo seria “uma obra de arte” e “um tesouro que valorizo profundamente”.
Hawley já conduz uma apuração separada sobre suposta “conivência” da Meta com o governo chinês e afirmou que o novo caso “mostra que a Big Tech não conhece limites até que o Congresso imponha responsabilidade”.
A senadora Marsha Blackburn (Republicana-Tennessee) classificou a situação como “nojenta” e defendeu a aprovação do Kids Online Safety Act (KOSA), projeto que estabelece salvaguardas adicionais para menores nas redes sociais.
Imagem: Stephen Sorace FOXBusiness via foxbusiness.com
No campo democrata, o senador Brian Schatz (Havaí) escreveu em rede social que a política revelada é “desgastante e maligna”. Ron Wyden (Oregon) considerou as diretrizes “profundamente perturbadoras” e declarou que a proteção concedida pelo Artigo 230 – que isenta empresas de internet de responsabilidade pelo conteúdo gerado por terceiros – não deve valer para chatbots de IA. Já Peter Welch (Vermont) ressaltou a necessidade de “proteções críticas quando a saúde e a segurança de crianças estão em jogo”.
Em comunicado enviado ao Fox News Digital, portavoces da Meta disseram que o documento “não reflete com precisão as políticas” da companhia. Segundo a empresa, há “centenas de exemplos, anotações e hipóteses” usadas pelas equipes para avaliar cenários, e os itens que contrariam as normas foram eliminados.
A Meta reiterou que seu regulamento proíbe conteúdo que sexualize menores ou promova encenações sexuais entre adultos e crianças.
As críticas de parlamentares aumentam a pressão sobre a empresa em meio à expansão de seus investimentos em inteligência artificial, área considerada prioritária pela Meta.