Pequenos cafeicultores mineiros montam torrefações e elevam receita em até 50%

Mercado Financeiroagora mesmo6 Visualizações

Belo Horizonte – Produtores de café de pequena escala em Minas Gerais passaram a controlar todas as etapas da cadeia, da colheita à torra, e vêm obtendo ganhos expressivos ao vender o produto já embalado ao consumidor final.

Da plantação à embalagem

A agricultora Ilma Rosa Correia Franco, 69, de Campestre (MG), decidiu torrar parte dos grãos especiais colhidos nos 30 hectares da família, situados na chamada região vulcânica que abrange o sul mineiro e a Mogiana paulista. Com a marca Rosa Franco, ela reservou dez sacas para a produção própria e vendeu pacotes de 500 gramas a R$ 50 durante a Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte.

Ao vender a saca de 60 quilos como café verde, Ilma recebe R$ 3.300. Quando torra o mesmo volume — que, depois das perdas, rende 50 quilos — a receita sobe para cerca de R$ 5.000, incremento de 50%.

“Cada lote exige uma curva de torra diferente, mesmo vindo do mesmo terreno”, explicou a produtora.

Expansão das microtorrefações

Dados do Sebrae Minas indicam que, em outubro, o estado contava com 863 empresas de torrefação e moagem, 728 delas microempresas. Apenas entre janeiro e agosto, cerca de 50 novos registros foram feitos, alta de 48% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Mantiqueira de Minas também adere

Com aproximadamente 8.000 produtores distribuídos por municípios como Carmo de Minas, São Gonçalo do Sapucaí e Santa Rita do Sapucaí, a Mantiqueira de Minas desponta pelo terroir a mais de mil metros de altitude. Os grãos da área costumam apresentar notas florais, cítricas e frutadas, corpo cremoso e toques de caramelo e chocolate.

Parceria para ganhar mercado

Em São Gonçalo do Sapucaí, o cafeicultor Willer Arantes recorreu a uma microtorrefação local para lançar a marca Aroma da Serra. Dos cerca de 1.000 sacas que colhe anualmente em 45 hectares a 1.200 metros de altitude, ele destina 15 sacas de microlotes (pontuação mínima de 84) para a torra. Cada pacote de 500 gramas é vendido por R$ 60.

Pequenos cafeicultores mineiros montam torrefações e elevam receita em até 50% - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

Segundo Arantes, depois dos custos, cada saca torrada gera resultado líquido de aproximadamente R$ 5.000, enquanto o café especial in natura é negociado entre R$ 2.800 e R$ 3.000, e o convencional por volta de R$ 2.300.

Consumidor busca origem e história

Para Ivan Figueiredo, analista do Sebrae Minas no sul do estado, produtores que dominam a torra conseguem imprimir características próprias ao café e chegar diretamente ao consumidor final, que valoriza grãos especiais e de origem certificada.

Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) mostra que 82% das indústrias do setor se enquadram como nano (até 5 sacas/mês), micro (6 a 50 sacas/mês) ou pequenas (51 a 1.000 sacas/mês). “Mesmo com áreas reduzidas, eles querem contar a história completa do café que produzem”, afirmou o diretor-executivo da entidade, Celírio Inácio da Silva.

Negócios em alta

A mais recente edição da SIC reuniu 27 mil visitantes de 33 países e movimentou aproximadamente R$ 150 milhões em negócios, reforçando o interesse nacional e internacional pelo café de origem.

0 Votes: 0 Upvotes, 0 Downvotes (0 Points)

Deixe um Comentário

Siga-nos!
Pesquisar tendência
Redação
carregamento

Entrar em 3 segundos...

Inscrever-se 3 segundos...

Todos os campos são obrigatórios.