São Paulo – As ações da Petrobras operam em forte queda nesta sexta-feira (8) depois da divulgação do balanço do segundo trimestre de 2025.
Por volta das 13h, os papéis preferenciais recuavam 4,82%, cotados a R$ 30,96, enquanto as ações ordinárias cediam 7,13%, a R$ 33,07. No mesmo horário, o Ibovespa perdia 0,18%, aos 136.275 pontos.
A estatal registrou lucro líquido de R$ 26,6 bilhões entre abril e junho, revertendo o prejuízo de R$ 2,6 bilhões apurado um ano antes. O resultado, porém, ficou abaixo do ganho de R$ 35,7 bilhões obtido no primeiro trimestre deste ano.
Com o balanço, a companhia anunciou a distribuição de R$ 8,66 bilhões em dividendos, equivalente a R$ 0,6719 por ação ordinária e preferencial. O valor frustrou o mercado: a Ativa Investimentos esperava R$ 1 por papel, enquanto a XP projetava R$ 11,9 bilhões em proventos.
A empresa justificou a retração no lucro pela queda do preço do Brent e pelo dólar mais fraco, fatores que comprimiram receita, Ebitda e margem bruta. Embora esses efeitos fossem esperados, o montante destinado aos acionistas foi o principal motivo da reação negativa na Bolsa.
Analistas da XP, Regis Cardoso e João Rodrigues, atribuíram a diferença nos dividendos a um fluxo de caixa operacional mais baixo do que o consenso, de R$ 40,6 bilhões ante os R$ 44 bilhões projetados, além de despesas de capital de R$ 22 bilhões, superiores à estimativa de R$ 20 bilhões.
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“Investidores concentram-se na geração de caixa livre e na remuneração ao acionista, especialmente no caso da Petrobras”, escreveram os analistas em relatório. Segundo eles, itens como depósitos judiciais, abandono de poços e tributos sobre vendas reduziram a conversão de Ebitda em caixa.
João Daronco, analista da Suno Research, também destacou o ritmo de investimentos como surpresa negativa. “Esperava-se postura mais conservadora diante do novo patamar do Brent. O capex elevado pressionou significativamente o fluxo de caixa livre, afetando a expectativa de dividendos de curto prazo”, afirmou.
Para os especialistas, o acompanhamento dos investimentos diante da cotação do petróleo será determinante. Caso a petroleira mantenha o atual volume de desembolsos, pode haver revisão para baixo na distribuição futura, especialmente no piso de 45% do fluxo de caixa livre.