Responsável por cerca de 12% da composição do Ibovespa, a Petrobras (PETR3; PETR4) negocia atualmente com um múltiplo Preço sobre Lucro (P/L) pouco acima de 9 vezes. O indicador aponta quantos anos seriam necessários para o investidor recuperar o valor aplicado — quanto menor o P/L, mais rápida a recuperação.
O nível de 9 vezes é considerado baixo em termos absolutos, mas está levemente acima da média histórica da estatal, segundo Fabiano Vaz, sócio e analista da Nord Investimentos. Mesmo assim, o múltiplo permanece inferior ao de grandes concorrentes internacionais: ExxonMobil (15 vezes), Shell (16), Chevron (19,6) e BP (135).
De acordo com Vaz, o mercado tradicionalmente aplica um desconto às ações da Petrobras por receio de interferência política, já que a companhia é controlada pelo governo federal. Apesar disso, a estatal costuma apresentar dividendos mais elevados e múltiplos menores do que seus pares estrangeiros.
Entre as petrolíferas brasileiras listadas, a situação se inverte parcialmente. Prio (3,37 vezes) e PetroReconcavo (6,96) têm P/L mais baixos do que o da Petrobras, enquanto a recém-chegada Brava Energia alcança 62 vezes, reflexo de lucro ainda reduzido e expectativa de expansão. Dessa forma, a Petrobras se posiciona entre as juniores mais maduras e empresas menores em estágio inicial.
Projeções de mercado indicam o barril de petróleo entre US$ 66 e US$ 69 nos próximos anos. Sob esse cenário, a Nord Investimentos espera leve queda na receita e no Ebitda em 2025, estabilidade em 2026 e pequeno avanço em 2027, mantendo o patamar recente de resultados.
A Nord adota postura neutra em relação aos papéis da estatal. Entre as ressalvas estão margens apertadas no refino, risco de interferência na política de preços e aumento de investimentos em fontes renováveis — áreas vistas como menos rentáveis. A proximidade do ciclo eleitoral também pode gerar volatilidade adicional.
Imagem: valorinveste.globo.com
Nas carteiras da corretora, a preferência recai sobre as juniores Brava e Prio, avaliadas como companhias com maior potencial de crescimento e geração de caixa. Para investidores que buscam renda, a recomendação é PetroReconcavo, que apresentou dividend yield acima de 10% nos últimos 12 meses.
Todas as petrolíferas brasileiras acumulam perdas no ano, movimento inverso ao de pares internacionais. A maior queda é da Brava Energia (pouco mais de 15%), enquanto a Prio recua menos de 1%. A retração nos preços do petróleo e questões específicas pressionam as cotações.
No caso da Prio, atrasos no licenciamento do campo de Wahoo e no fechamento da compra do restante de Peregrino reduziram a visibilidade do mercado sobre a empresa. A Brava Energia enfrentou problemas operacionais no campo de Atlanta e paralisações de produção. Já a PetroReconcavo mantém produção estável e estrutura de capital confortável, mas também sente o impacto da commodity mais barata.
Apesar dos desafios, a Petrobras segue como a maior companhia do segmento no país e uma das dez maiores do mundo, mantendo papel relevante na carteira dos investidores brasileiros.