A investigação da Polícia Federal sobre transações entre o Banco Regional de Brasília (BRB) e o Banco Master levou a instituição controlada pelo Distrito Federal a reavaliar a estratégia de crescimento fora da capital.
Em reuniões internas, o novo presidente do BRB, Nelson de Souza, afirmou que a continuidade da nacionalização será analisada “como e se” for possível. A atual gestão procura dimensionar os efeitos da compra de carteiras de crédito com indícios de fraude e de papéis ligados ao Banco Master.
No início de 2019, primeiro ano do governo Ibaneis Rocha (MDB), o BRB mantinha agências em seis estados além do Distrito Federal: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em junho de 2025, a presença já alcançava 19 unidades da federação.
Em 2025, entretanto, mais de 20 agências instaladas na Bahia entre 2021 e 2023 foram fechadas, e o mobiliário que equipava esses postos foi colocado à venda. Procurado, o banco informou estar “focado na consolidação e no fortalecimento de seus negócios” e negou haver processo de venda de ativos fora do DF.
A expansão nacional ganhou força com o patrocínio ao Flamengo, iniciado em 2020, no valor de R$ 32 milhões por ano. O acordo expôs a marca no cenário nacional e rendeu 3,7 milhões de novos clientes.
Os desembolsos com patrocínio passaram de R$ 7,2 milhões em 2019 para R$ 107,5 milhões em 2024. Para 2025, a previsão é de R$ 125,8 milhões, dos quais R$ 82,3 milhões já foram executados até setembro. A diretoria determinou auditoria interna em todos os patrocínios, mas informou que “todos os contratos vigentes permanecem inalterados”.
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Além da publicidade, o BRB expandiu sua atuação via licitações públicas: assumiu a gestão de depósitos judiciais em Alagoas, Bahia e Paraíba e, em junho de 2025, passou a administrar a folha de pagamento do governo de Tocantins. No fim de março, a carteira de depósitos judiciais somava R$ 25 bilhões. O banco declarou que “novos negócios serão sempre pautados por avaliações técnicas e regulatórias criteriosas”.
No primeiro semestre de 2025, a estatal brasiliense travou negociação para adquirir parte dos ativos do Banco Master, operação posteriormente vetada pelo Banco Central. A deflagração da operação Compliance Zero pela PF levou ao afastamento e, depois, à exoneração do então presidente Paulo Henrique Costa. Nelson de Souza, ex-presidente da Caixa, assumiu o posto.
As apurações da PF continuam, e a direção do BRB avalia o alcance dos impactos antes de decidir os próximos passos da expansão nacional.