O presidente do Federal Reserve Bank de Kansas City, Jeffrey Schmid, afirmou nesta segunda-feira (data conforme publicação original) que a atual postura de política monetária dos Estados Unidos deve ser mantida, pois já exerce restrição “modesta” suficiente para impedir a retomada da inflação.
“Embora a política esteja restritiva, não é muito restritiva. Diante das pressões recentes de preços, um posicionamento moderadamente restritivo é exatamente onde queremos estar”, declarou o dirigente, que integra o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), responsável pelas decisões de juros do banco central norte-americano.
Schmid observou que a economia apresenta crescimento sólido, enquanto a inflação permanece acima da meta de 2% do Fed. Nesse cenário, avaliou, a política não está longe de um nível neutro. “Com os índices acionários próximos de máximas históricas e spreads de bônus em patamares baixos, vejo poucas evidências de aperto monetário severo”, acrescentou.
O Fed manteve a taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50% nas cinco reuniões realizadas em 2025 até agora. A decisão vem sendo sustentada pela inflação ainda acima do objetivo e pela incerteza sobre o impacto de tarifas sobre os preços ao consumidor.
Em julho, o índice de preços ao consumidor (CPI) registrou inflação de 2,7%, enquanto o índice de despesas de consumo pessoal (PCE), medida preferida do Fed, marcou 2,6% em junho.
O presidente do Fed de Kansas City disse esperar efeito “relativamente contido” das tarifas sobre a inflação, o que, segundo ele, sinaliza que a política monetária está calibrada de forma adequada. Schmid destacou, porém, que determinar exatamente como os custos tarifários se distribuem entre exportadores estrangeiros, importadores nos EUA, cadeias domésticas de produção, varejistas e consumidores é altamente complexo.
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“Não vejo possibilidade de sabermos o efeito das tarifas nos preços, seja como choque pontual ou como impulso inflacionário persistente, nos próximos meses”, afirmou, acrescentando que não considera útil separar a inflação dos impactos tarifários.
O FOMC voltará a se reunir em meados de setembro. Na reunião anterior, os governadores Michelle Bowman e Christopher Waller votaram pela redução de 25 pontos-base na taxa, para prevenir fraqueza no mercado de trabalho — primeiro duplo voto dissidente pró-corte desde 1993. Apesar disso, o colegiado manteve os juros inalterados por 9 votos a 2, com um membro ausente.
O presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou recentemente que a instituição está preparada para agir caso a inflação acelere ou o mercado de trabalho mostre sinais de deterioração.