Discurso de Powell em Jackson Hole ocorre em meio a incertezas econômicas e reta final de mandato no Fed

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Quem: Jerome Powell, presidente do Federal Reserve.
O que: fará o discurso principal da conferência anual de Jackson Hole.
Quando: sexta-feira.
Onde: evento organizado pelo Federal Reserve de Kansas City, em Jackson Hole, Wyoming.
Por que é importante: mercado procura sinais sobre futuros cortes de juros enquanto o mandato de Powell como chair caminha para o fim.

Ponto de virada para política monetária

O pronunciamento ocorre num momento decisivo. A economia dos Estados Unidos encara inflação ainda acima da meta e um mercado de trabalho que dá sinais de perda de força. Analistas esperam que Powell indique se o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) voltará a reduzir a taxa básica já na reunião de setembro.

Mandato prestes a terminar

Nomeado em 2017, Powell tem mandato como presidente do Fed até maio de 2026, mas o ex-presidente Donald Trump, atualmente candidato, declarou que não pretende reconduzi-lo. O cargo de governador, porém, vai até 2028, e Powell não informou se permanecerá após deixar a presidência.

Histórico recente de juros

No discurso de agosto de 2024, Powell afirmou que “chegara a hora” de ajustar a política monetária. O banco central cortou a taxa em 0,50 ponto percentual em setembro daquele ano e realizou reduções adicionais de 0,25 ponto em novembro e dezembro. Em 2025, entretanto, a banda dos Fed Funds foi mantida em 4,25% a 4,50% em todas as cinco reuniões, reflexo das incertezas geradas por novas tarifas e pela resiliência do mercado de trabalho.

Dissenso interno inédito desde 1993

Na reunião mais recente, os governadores Michelle Bowman e Christopher Waller votaram por um corte de 0,25 ponto, alegando que o impacto dos tributos sobre preços seria pontual e que a medida ajudaria a proteger o emprego. Foi o primeiro duplo voto dissidente a favor de redução de juros desde 1993; mesmo assim, o placar final foi 9 a 2 pela manutenção.

Imagem: Eric Revell FOXBusiness via foxbusiness.com

Indicadores mistos

A inflação medida pelo índice de despesas de consumo pessoal (PCE), preferido do Fed, subiu de 2,1% em abril para 2,3% em maio e 2,6% em junho, superando a meta de 2%. Já o relatório de empregos de julho apontou criação de apenas 73 mil vagas, abaixo da projeção de 110 mil, e revisões negativas de 258 mil postos em maio e junho. A média trimestral ficou pouco acima de 35 mil vagas, enquanto a taxa de desemprego avançou para 4,3%.

Agenda de dados

Os próximos números que podem influenciar a decisão do Fed saem antes da reunião de setembro: o PCE de julho será publicado em 29 de agosto; o relatório de emprego de agosto, em 5 de setembro; e o índice de preços ao consumidor (CPI) de agosto, em 11 de setembro.

Com o palco montado em Jackson Hole, investidores e analistas acompanharão cada palavra de Powell em busca de pistas sobre os próximos passos da política monetária norte-americana.