Washington, — O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que o mercado de trabalho norte-americano vem perdendo força, porém sem indicar sinais de uma desaceleração brusca. A declaração foi feita em coletiva de imprensa após o banco central reduzir, pela terceira vez consecutiva, a taxa básica de juros em 25 pontos-base, para a faixa de 3,5% a 3,75%.
Segundo Powell, o relatório de emprego de setembro, divulgado pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), mostrou aumento da taxa de desemprego para 4,4% e desaceleração nas contratações. O dirigente atribuiu parte dessa perda de dinamismo à menor expansão da força de trabalho — influenciada por queda na imigração e na participação laboral — e ressaltou que a demanda por mão de obra também vem se moderando.
Apesar do arrefecimento, o presidente do Fed declarou não ver indícios de colapso: “Com as reduções acumuladas de 75 pontos-base, a política monetária está próxima de neutra, o que deve permitir que o mercado de trabalho se estabilize, talvez com alta de uma ou duas décimas na taxa de desemprego, mas sem recuo mais profundo”.
A mais recente versão do dot plot — resumo das projeções econômicas do Fed — indica que a taxa de desemprego deve alcançar 4,5% no fim de 2025 e recuar para 4,4% em 2026.
Powell observou ainda que o crescimento da folha de pagamento caiu para média de aproximadamente 40 mil vagas mensais desde abril. Contudo, estimativas internas apontam superavaliação de cerca de 60 mil postos nesses dados, o que implicaria perda líquida de 20 mil empregos por mês no período.
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Dois formuladores de política monetária votaram contra o corte de juros. O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, preferiu manter a taxa estável, alegando ser “mais prudente esperar por mais informações”, já que o mercado de trabalho mostra apenas resfriamento moderado e um ambiente de “baixa contratação e baixa demissão”.
O presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, também discordou da redução, argumentando que a inflação segue elevada, a economia mantém impulso e o mercado de trabalho “permanece amplamente equilibrado”.
O BLS divulgará o relatório de novembro na próxima terça-feira. Analistas da LSEG projetam criação de 40 mil vagas. Não haverá divulgação referente a outubro, pois a coleta de dados foi prejudicada pela paralisação do governo; parte das estatísticas de outubro será incorporada ao documento de novembro.