O preço à vista da prata superou a marca de US$ 50 por onça pela primeira vez em mais de quatro décadas na manhã desta quinta-feira, impulsionado por oferta restrita e pelo ambiente econômico favorável a metais preciosos.
Durante a sessão, a cotação chegou a ultrapassar US$ 51, mas recuou e voltou a operar abaixo de US$ 49, nível em que havia iniciado o dia. A última vez que o metal foi negociado nesses patamares foi em janeiro de 1980.
Enquanto a prata avançava, o ouro à vista caiu 2% nesta quinta-feira. Na véspera, o metal amarelo havia rompido pela primeira vez o nível de US$ 4.000. A realização de lucros ocorreu depois do anúncio de um acordo de cessar-fogo no conflito Israel-Hamas, que reduziu a procura por ativos de refúgio.
“Especuladores estão realizando parte dos ganhos em ouro com a trégua em Gaza, que diminui a tensão em uma região historicamente volátil”, afirmou o negociador independente de metais Tai Wong à Reuters. Segundo ele, embora ouro e prata possam passar por um período de consolidação, fatores como diversificação de reservas e o elevado endividamento soberano mantêm a perspectiva de alta.
A valorização de 69% da prata no ano é atribuída tanto à escassez de metal no mercado à vista quanto a condições econômicas que favorecem ativos tangíveis. Já o avanço do ouro decorre de tensões geopolíticas, forte demanda de bancos centrais, ingresso de recursos em fundos negociados em bolsa (ETFs), expectativa de cortes de juros e incertezas ligadas a tarifas e mudanças na política comercial.
O SPDR Gold Trust, maior ETF lastreado em ouro físico, acumula alta de quase 50% em 2024. Entre os fundos de menor capitalização, o MicroSectors Gold Miners 3X Leveraged ETN lidera, com valorização superior a 740% no ano.
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No segmento de prata, o iShares MSCI Global Silver Miners ETF e o ProShares Ultra Silver registram ganhos acima de 148% cada. Um operador ouvido pela Reuters destacou que a liquidez no mercado londrino de prata está limitada pelo aumento das compras de ETFs e pelo deslocamento de metal para os Estados Unidos.
Depois de reduzir a taxa básica em 25 pontos-base no mês passado — o primeiro corte do ano —, o Federal Reserve é aguardado para promover novos ajustes de 0,25 ponto percentual nas reuniões de fim de outubro e meados de dezembro. O mercado mantém essa projeção apesar da inflação acima da meta de 2% e de sinais de fraqueza no emprego, que vêm pesando mais nas avaliações dos formuladores de política monetária.
Combinados, esses fatores sustentam o interesse por metais preciosos em meio a um cenário de incerteza econômica e geopolítica.