Previdência solicita investigação de operações do Rioprevidência com fundos do grupo Master

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Brasília – O Ministério da Previdência Social pediu à Polícia Federal, ao Banco Central, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) que aprofundem a apuração de operações consideradas suspeitas entre o Rioprevidência e instituições ligadas ao Banco Master, controlado por Daniel Vorcaro.

Relatório preliminar produzido em 24 de novembro pela Coordenação de Acompanhamento de Investimentos da Secretaria de Regime Próprio e Complementar aponta indícios de uso de informação privilegiada, possível front running e conflito de interesses em transações com títulos públicos federais.

Exposição de R$ 2,9 bilhões

Os técnicos identificaram exposição total de R$ 2,9 bilhões do Rioprevidência ao grupo Master. Desse montante, R$ 970 milhões correspondem a letras financeiras emitidas pelo Banco Master. Outros R$ 1,32 bilhão foram aplicados, de janeiro a setembro de 2025, no fundo exclusivo Arena, cujo único cotista é o Rioprevidência; o veículo é gerido pela Arena Capital e administrado pela Master Corretora. Mais R$ 641,5 milhões estão distribuídos em três fundos também administrados pela corretora.

Giro elevado de títulos públicos

A nota técnica destaca compras e vendas frequentes de papéis do Tesouro, inclusive de longo prazo, tanto na carteira própria do Rioprevidência quanto no fundo Arena. Entre dezembro de 2024 e setembro de 2025, foram negociados R$ 1,95 bilhão em títulos, volume que praticamente corresponde à totalidade do portfólio em menos de dez meses. Para a pasta, a prática gera custos de transação que reduzem a rentabilidade e “carece de racionalidade econômica” para um regime previdenciário.

Desempenho do fundo Arena

Segundo o ministério, o fundo Arena acumulou retorno de 2,03% de dezembro de 2024 a outubro de 2025, frente a 12,10% do CDI. O Rioprevidência contesta e afirma que a rentabilidade alcançou 126% do CDI no primeiro semestre e 70% no acumulado do ano. A Arena Capital sustenta que não houve realização de prejuízo e que as oscilações são temporárias.

Suspeita de front running

O documento cita venda de 30 mil títulos públicos atrelados à inflação por preço inferior ao de mercado às 9h31 e revenda do mesmo lote, um minuto depois, por valor 4,6% maior. De acordo com os técnicos, a operação poderia gerar ganho superior a R$ 520 mil à contraparte, indicando possível uso de informação privilegiada.

Manifestação dos envolvidos

Em nota, o Rioprevidência classificou as conclusões do ministério como “inverídicas” e prometeu responsabilizar os autores da análise. O órgão também afirmou que o fundo Arena investe exclusivamente em títulos públicos federais.

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Imagem: redir.folha.com.br

A Arena Capital negou qualquer prática de front running e disse seguir as normas dos reguladores. O Banco Master, cuja liquidação foi decretada pelo Banco Central em 18 de novembro, não se pronunciou.

Fiscalização do TCE-RJ

A relação entre o Rioprevidência e o grupo Master também é alvo do TCE-RJ. Em outubro, o tribunal apontou que o fundo de previdência ignorou alertas da corte e manteve aplicações ligadas ao conglomerado, determinando a suspensão de novos aportes.

Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, foi preso pela Polícia Federal em São Paulo na noite de 17 de novembro, véspera da liquidação da instituição.

O Ministério da Previdência aguarda o resultado das investigações para definir eventuais medidas administrativas ou judiciais.

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