Prisões em canteiro da Hyundai levam multinacionais a suspender viagens e reforçar assessoria jurídica nos EUA

Mercado Financeiro59 minutos atrás6 pontos de vista

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Empresas estrangeiras com operações nos Estados Unidos interromperam viagens corporativas e recorreram a escritórios de advocacia após a detenção de 475 trabalhadores — em sua maioria sul-coreanos — no canteiro de obras de uma fábrica de baterias da Hyundai, em Ellabell, no Estado da Geórgia, na semana passada.

A ação foi conduzida pelo Serviço de Imigração e Controle Aduaneiro (ICE), que divulgou imagens de pessoas algemadas nos tornozelos, pulsos e cintura do lado de fora da instalação, parte do programa do governo Donald Trump para ampliar a produção industrial no país. O órgão afirmou ter encontrado estrangeiros que usavam “de forma fraudulenta vistos de visitante” durante o cumprimento de um mandado federal.

Empresas recorrem a advogados

“Clientes lotaram nossas caixas de e-mail querendo saber se também estão expostos”, relatou Matthew Dunn, chefe da área de imigração empresarial nos Estados Unidos do escritório HSF Kramer. Segundo ele, executivos questionam se sedes, gerentes locais e funcionários estrangeiros com vistos de trabalho podem virar alvo de fiscalizações semelhantes.

Advogados especializados afirmam que muitos dos detidos entraram no país com vistos B-1, destinados a viagens de negócios, ou por meio do programa de isenção de visto. Vários trabalhavam para empresas terceirizadas que prestam serviços à Hyundai.

Charles Kuck, fundador do escritório Kuck Baxter, disse representar parte dos sul-coreanos presos e acrescentou que outros dois clientes corporativos lhe pediram orientação “sobre como se preparar caso o ICE apareça” em suas fábricas.

Viagens congeladas e apreensão na Ásia

Tami Overby, consultora de comércio internacional do Grupo DGA e ex-presidente do Conselho Empresarial EUA-Coreia, contou que grandes companhias estrangeiras suspenderam deslocamentos aos EUA enquanto analisam a legalidade da operação. Segundo ela, as imagens dos trabalhadores algemados circularam em países como Coreia do Sul, Japão e Taiwan, que têm investimentos de grande porte em território americano.

Sinalização da Casa Branca

O “czar de fronteiras” do presidente Trump, Tom Homan, afirmou no domingo (7) que outras operações em locais de trabalho estão previstas, argumentando que a contratação de estrangeiros sem status regular reduz salários de norte-americanos. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, disse na segunda-feira (8) que a ação não deve afastar capital externo: “É uma oportunidade para deixar claro quais são as regras”.

Setores sob risco

Overby avalia que indústrias dependentes de mão de obra técnica asiática — como fabricação de baterias, construção naval e semicondutores — são as mais vulneráveis a fiscalizações sobre vistos de visitante.

A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) planeja investir US$ 165 bilhões na construção de seis fábricas, duas unidades de embalagem avançada e um centro de P&D no Arizona. Fontes próximas à empresa consideram o episódio da Hyundai “uma situação específica”, mas executivos em Taiwan admitem preocupação com a postura imprevisível de Washington.

Reação de montadoras europeias

O diretor-executivo da Mercedes-Benz, Ola Källenius, afirmou na segunda-feira que não vê impacto geral das prisões: “É preciso cumprir regras e regulamentos. Fazemos isso e continuaremos a investir” nos EUA.

Efeito intimidador

Para Robert Loughran, advogado da Foster Global no Texas, a operação terá efeito dissuasório. Ele lembrou que o ICE passou por períodos de fiscalização limitada e agora recebe incentivo para “sair e encontrar violações”. “É um ambiente rico em alvos”, concluiu.

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