Washington – A procuradora-geral da Louisiana, Liz Murrill, entrou na Justiça norte-americana na quinta-feira (14) contra a plataforma de jogos Roblox, alegando que a empresa permite a exploração sexual de crianças e se tornou “o lugar perfeito para pedófilos” por não adotar protocolos básicos de segurança.
De acordo com a ação, o Roblox “conscientemente permitiu e facilitou a exploração sexual sistemática e o abuso de crianças em todos os Estados Unidos, incluindo a Louisiana”, ao deixar de exigir verificação de idade ou autorização dos responsáveis para o acesso de menores.
“Todos os pais devem estar cientes do perigo claro e presente que o Roblox representa para seus filhos”, afirmou Murrill em entrevista coletiva. A procuradora chegou a defender o fechamento da plataforma.
O processo solicita uma ordem de restrição permanente que impeça a companhia de afirmar possuir recursos de segurança adequados e a proíba de violar a Lei de Práticas Comerciais Desleais da Louisiana.
Até a manhã de sexta-feira (15), o Roblox não havia se manifestado.
Um mês antes da ação, a empresa anunciou tecnologia de estimativa de idade facial para liberar o uso de bate-papos privados e não filtrados apenas a usuários com 13 anos ou mais. No ano passado, foram ampliados os controles parentais para perfis abaixo dessa idade. Atualmente, não existe idade mínima formal para criar conta.
A plataforma informa ter 111,8 milhões de usuários ativos diários; cerca de 36% têm menos de 13 anos. Além de jogarem, muitos menores também desenvolvem games dentro do ecossistema.
O documento lista experiências supostamente explícitas, como “Escape to Epstein Island”, “Diddy Party” e “Public Bathroom Simulator Vibe”, entre outras.
Imagem: redir.folha.com.br
Murrill destacou a investigação de uma igreja em Livingston, Louisiana, no mês passado, onde um suspeito de posse de material de abuso sexual infantil era usuário ativo do Roblox e utilizava tecnologia de alteração de voz para se passar por menina com o objetivo de atrair menores.
A plataforma enfrenta outros processos nos Estados Unidos. Na semana passada, um pai da Califórnia alegou que a filha de 10 anos foi sequestrada por um homem de 27 anos conhecido por meio do serviço. O escritório Dolman Law Group também moveu ações no Texas, Michigan, Geórgia e Califórnia em nome de menores que relatam ter sido explorados sexualmente dentro do Roblox.
Em maio, um homem de 28 anos de Maryland declarou-se culpado de produzir pornografia infantil após coagido mais de 100 meninas, entre 5 e 17 anos, a enviarem conteúdo sexual. Segundo a promotoria, ele atuava no Roblox e em outras redes sociais.
Na quarta-feira (13), o Roblox defendeu sua política de banir usuários que se apresentam como “vigilantes” contra predadores, alegando que tais práticas criam ambiente inseguro. A medida veio após o youtuber Schlep divulgar carta de cessação e desistência enviada pela empresa.
No Congresso, o deputado Ro Khanna lançou petição pedindo que a plataforma adote ações adicionais para proteger crianças. “O Roblox está em uma encruzilhada”, diz o texto.