São Paulo, — O consumidor norte-americano ainda vai esperar para sentir alívio no bolso ao comprar carne bovina. Segundo Michael Swanson, economista-chefe do Wells Fargo Agri-Food Institute, os valores atingiram o pico, mas a trajetória de queda será lenta, sustentada pela oferta restrita de gado nos Estados Unidos.
Swanson declarou à emissora Fox Business que o país deverá contar com um leve aumento de animais somente em 2026. Até lá, grande parte dos compradores continuará recorrendo a fornecedores estrangeiros, sinal de que a produção interna segue apertada e de que os preços permanecerão elevados.
O preço da carne bovina já vinha sendo um dos principais vilões da inflação alimentar. Em setembro, o índice de preços ao consumidor do Departamento do Trabalho apontou alta de 3,1% nos alimentos em 12 meses, enquanto carne bovina e vitelo subiram 14,7%. A escalada reflete pastagens degradadas, inflação ampla e redução do rebanho.
Dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostram 11,7 milhões de cabeças em confinamento em 1.º de novembro, queda de cerca de 2% em relação a 2024 e o menor nível para o mês desde 2018. Em outubro, 2,04 milhões de animais foram colocados em feedlots, recuo de 10% e o menor número para o período na série histórica.
Com produtores, frigoríficos, atacadistas e varejistas defendendo suas margens, reduzir preços ao consumidor torna-se mais difícil. Para Swanson, apenas a competição dentro da cadeia fará os valores recuarem, movimento que não acontece “em linha reta”.
Imagem: Daniella Genovese FOXBusiness via foxbusiness.com
O economista considera que o setor talvez esteja num ponto de inflexão após a Tyson Foods anunciar, em novembro, o fechamento definitivo de uma grande planta de processamento em Lexington, Nebraska, até janeiro de 2026, além de reduzir para um turno a operação em uma unidade no Texas. Logo depois, as cotações do boi gordo despencaram, recuperando-se parcialmente depois, mas ainda abaixo dos picos recentes.
Swanson projeta recuo de até 10% nos preços do gado em cerca de 18 meses — movimento semelhante ao de 2014. Só então o atacado e, na sequência, o varejo deverão sentir o impacto. “O consumidor vai se frustrar por não ver alívio imediato”, afirmou.