São Paulo – Lançada em 30 de julho de 2015, a blockchain Ethereum chega ao décimo aniversário nesta terça-feira (30) consolidada como um dos principais alicerces da chamada Web3, conceito que pretende devolver a usuários o controle sobre dados, identidade digital e ativos financeiros.
A Web1 foi marcada por páginas estáticas em que o internauta apenas consumia conteúdo. Na Web2, redes sociais e grandes plataformas – como Alphabet, Meta, X e TikTok – passaram a concentrar informações pessoais e monetizar esse tráfego. A Web3, apoiada em blockchains, surge com a proposta de descentralizar essa estrutura, permitindo logins por carteiras digitais, posse integral de conteúdos produzidos e participação direta nas decisões sobre o funcionamento de aplicações.
Descrevida por desenvolvedores como um “sistema operacional” da nova internet, a rede não utiliza servidores centralizados. Em vez disso, roda programas autônomos, os contratos inteligentes, que executam regras pré-definidas de forma automática e auditável, sem necessidade de intermediários.
Enquanto o Bitcoin costuma ser comparado ao ouro digital, a Ethereum é vista por especialistas como a infraestrutura de uma economia totalmente nova, abrangendo desde finanças descentralizadas (DeFi) até projetos de tokenização de ativos do mundo físico.
Sebastian Serrano, presidente e cofundador da plataforma cripto Ripio, afirma que, em dez anos, a rede evoluiu de “experimento promissor” para base robusta de serviços que vão de sistemas financeiros descentralizados a modelos de governança digital. Segundo ele, nenhuma outra blockchain conseguiu replicar ao mesmo tempo a robustez da Ethereum Virtual Machine (EVM), o volume de desenvolvedores e o grau de adoção institucional.
Bancos centrais, emissores de stablecoins, companhias de tokenização e startups Web3 continuam escolhendo a plataforma como referência, diz Serrano.
Imagem: valorinveste.globo.com
Theodoro Fleury, diretor de investimentos da QR Asset Management, aponta que o maior feito da rede foi levar a tecnologia blockchain para setores como logística, petróleo, siderurgia e alimentos. Na avaliação dele, a próxima década deve marcar a atualização do sistema financeiro global, com redução de custos de transação e maior eficiência, condicionada ao aval de reguladores.
Para Pedro Lapenta, analista-chefe da gestora Hashdex, a Ethereum se aproxima de um “momento iPhone”, fase em que a infraestrutura tecnológica encontra aplicações maduras capazes de escalar globalmente. Ele lembra que, há apenas duas décadas, pagamentos instantâneos via celular pareciam improváveis – e hoje fazem parte da rotina de milhões de brasileiros por meio do Pix.
Embora a adoção em massa ainda dependa de avanços regulatórios e de usabilidade, participantes do mercado veem na passagem dos 10 anos um indicativo de maturidade para a rede que se propõe a reinventar tanto a internet quanto o dinheiro.
Com informações de Valor Investe