O projeto de lei que estabelece regras para o mercado de fidelidade no Brasil — incluindo programas de milhas aéreas e troca de pontos por produtos — ganhou novo impulso na Câmara dos Deputados após receber o endosso das principais empresas do segmento.
Nesta quinta-feira (4), a Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf) anunciou apoio ao parecer do relator, deputado Jorge Braz (Republicanos-RJ). O texto foi ajustado ao longo de negociações iniciadas depois de um impasse que, no mês passado, freou a tramitação da proposta.
O relatório fortalece a compra e venda de pontos e milhas, mas impõe fiscalização, proteção ao consumidor e proíbe práticas consideradas predatórias — como a oferta de milhas por intermediários que prometem adquirir pontos no futuro, modelo que veio à tona na crise da 123Milhas.
Se o projeto for aprovado:
Para Paulo Curro, diretor-executivo da Abemf, manter o texto como está “garante benefícios aos consumidores” e evita prejuízos ao setor.
Autor da proposta original, o deputado Amom Mandel (Cidadania-AM) queria limitar o projeto às milhas aéreas e impedir a venda de pontos a terceiros. Ele sustenta que mudanças frequentes nas regras, sem transparência, prejudicam os usuários.
Durante a tramitação, a matéria passou a abranger todo o mercado de fidelização, incluindo programas de bancos e varejistas. Mandel teme que:
Imagem: redir.folha.com.br
O novo parecer reconhece pontos e milhas como ativos e permite sua transferência em caso de morte, mas não trata de tributação — o que, segundo bastidores da Câmara, mantém aberta a possibilidade de cobrança futura.
O texto inicial de Mandel estabelecia que a quantidade de pontos exigida para emissão de bilhetes não poderia ultrapassar o dobro do valor cobrado na baixa temporada. O dispositivo foi retirado, e a precificação ficará livre, medida considerada positiva pela Abemf.
De acordo com a Abemf, cerca de 15 milhões de passagens são emitidas por ano com resgate de pontos, enquanto mais de 16 milhões de produtos e serviços deixam de ser trocados pelos consumidores.
A proposta deve ser incluída na pauta do plenário da Câmara nos próximos dias, quando passará por novas discussões antes da votação final.