O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulga na manhã desta terça-feira (13) o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) referente a julho, em um momento considerado decisivo para a política monetária do país.
Economistas do Goldman Sachs, liderados por Jan Hatzius, estimam que a inflação cheia chegue a 2,8% na comparação anual, avanço em relação aos 2,7% registrados em junho e em linha com o consenso de mercado. A inflação core — que exclui itens voláteis como alimentos e energia — deve subir para 3,08% ao ano, contra 2,9% no mês anterior.
Segundo o banco, categorias afetadas por tarifas — como móveis, autopeças, vestuário, recreação, cuidados pessoais, comunicação e educação — deverão adicionar cerca de 0,12 ponto percentual ao CPI mensal de julho. A equipe projeta que os efeitos das tarifas continuem pressionando os preços, com alta mensal entre 0,3% e 0,4% no núcleo, e prevê inflação core de 3,3% ao ano em dezembro de 2025 (2,5% se desconsideradas as tarifas). Para o índice cheio, a projeção é de 2,9% ao ano no fim de 2025.
Analistas do J.P. Morgan calculam avanço de 0,3% no CPI de julho, também levando a taxa anual a 2,8%. Para o núcleo, a estimativa é de alta mensal de 0,34% e de 3,1% em 12 meses, levemente acima do consenso. O banco avalia que o repasse dos custos de importação aos consumidores pode acelerar diante da perspectiva de manutenção das tarifas.
Para Gregory Daco, economista-chefe da EY-Parthenon, os custos mais altos provocados pelas tarifas começaram a aparecer com mais clareza neste verão do Hemisfério Norte. Em relatório recente, ele apontou que, em junho, as tarifas responderam por cerca de um quarto a um terço do aumento mensal do CPI, indicando que exportadores estrangeiros estão repassando custos em vez de absorvê-los e que empresas norte-americanas relatam impacto significativo em lucros, investimentos e contratações.
O Federal Reserve se reúne em 16 e 17 de setembro para decidir sobre os juros. O presidente do Fed, Jerome Powell, tem indicado cautela, mantendo a taxa básica estável neste ano enquanto avalia se os aumentos de preços provocados por tarifas serão pontuais ou duradouros.
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No encontro mais recente, dois membros do Conselho de Governadores — Michelle Bowman e Christopher Waller — votaram por um corte de 25 pontos-base, argumentando que o impacto inflacionário das tarifas tende a ser temporário e que há sinais de desaceleração no mercado de trabalho. Foi a primeira vez desde 1993 que dois governadores divergiram para apoiar redução de juros.
Além do CPI de julho, o Fed ainda receberá:
O comportamento desses indicadores pode definir a estratégia da autoridade monetária quanto a possíveis cortes de juros ainda este ano.