A remuneração mediana dos presidentes-executivos das 500 maiores empresas listadas na Bolsa de Nova York aumentou 7,7% em 2024, alcançando US$ 19 milhões (cerca de R$ 104,3 milhões) ao ano, segundo levantamento da consultoria Farient Advisors.
O ritmo de crescimento foi o mais acelerado desde 2021, quando a alta chegou a 11,5%, e superou o avanço de 7,2% registrado em 2023. No mesmo período, o ganho médio dos demais trabalhadores norte-americanos subiu 3,6%, conforme o Departamento de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos.
Rick Smith, presidente da Axon Enterprise, liderou a lista com um pacote total de US$ 164,5 milhões (R$ 903,2 milhões), formado principalmente por prêmios em ações ligados ao cumprimento de metas de longo prazo, de acordo com dados da plataforma MyLogIQ.
Brian Niccol, que assumiu o comando da Starbucks em 2024, ficou em segundo lugar, recebendo US$ 95,8 milhões (R$ 526 milhões). O montante inclui bônus de contratação de US$ 5 milhões e dois prêmios acionários avaliados entre US$ 75 milhões e US$ 80 milhões para compensar valores não recebidos quando o executivo liderava o Chipotle.
Procurada, a Axon não comentou; a Starbucks informou que não se manifestaria.
O pacote de Niccol foi 6.666 vezes maior que a remuneração anual do funcionário mediano da rede, um barista em meio período que ganha cerca de US$ 15 mil (R$ 82,4 mil), segundo documentos da própria companhia. Organizações trabalhistas citam casos como esse para destacar o aumento da desigualdade salarial nas grandes corporações.
Estudo do High Pay Centre mostrou cenário semelhante no Reino Unido: a média de remuneração dos CEOs das 100 companhias mais valiosas de Londres subiu 6,8% e atingiu 4,58 milhões de libras (R$ 33,9 milhões) no ciclo 2024-2025, novo recorde e quarto avanço anual consecutivo.
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A consultoria ISS-Corporate apurou que o apoio médio dos investidores a pacotes de remuneração executiva permaneceu elevado, entre 92,4% e 92,6%, nos últimos cinco anos. Para Jun Frank, responsável pelos serviços de remuneração e governança da empresa, a incerteza econômica nos Estados Unidos pode influenciar as práticas de pagamento nos próximos ciclos.
Mesmo assim, especialistas da Farient Advisors observam que, por ora, os ganhos dos principais executivos continuam acima da inflação e dos salários dos demais empregados.
A Nvidia, empresa de maior valor de mercado no país, apresentou relação de 166 para 1 entre a remuneração de seu CEO, Jensen Huang, que recebeu US$ 49,9 milhões, e o salário mediano de seus funcionários, de US$ 301,2 mil.
Embora críticas à disparidade salarial se intensifiquem, o atual padrão de remuneração executiva vem se mantendo com amplo respaldo dos acionistas.