Washington, — Líderes republicanos do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Estados Unidos solicitaram ao Departamento de Comércio uma investigação sobre a decisão do governo espanhol de contratar a Huawei para gerenciar e armazenar dados de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Em carta enviada nesta semana ao secretário de Comércio, Howard Lutnick, os presidentes de subcomissões Richard Hudson (R-N.C.) e Gus Bilirakis (R-Fla.) classificaram o acordo como “profundamente preocupante”. Segundo os parlamentares, os vínculos documentados da Huawei com o Partido Comunista Chinês representam riscos significativos à segurança nacional e econômica dos Estados Unidos.
No documento, os deputados afirmam que decisões como a da Espanha criam “incerteza relevante para empresas norte-americanas que atuam no comércio transatlântico” e denunciam um “padrão lamentável” na União Europeia de adoção de tecnologia chinesa acompanhada de barreiras a exportações digitais dos EUA. O comitê solicita que o Departamento de Comércio avalie não apenas o caso espanhol, mas ações semelhantes de outros governos europeus que possam afetar a segurança de dados e as telecomunicações norte-americanas.
No mês passado, o Ministério do Interior da Espanha fechou um contrato de 12,3 milhões de euros com a Huawei para utilizar servidores OceanStor 6800 V5 no armazenamento de escutas telefônicas judiciais. A decisão desencadeou críticas no Congresso dos EUA. Parlamentares das comissões de Inteligência da Câmara e do Senado pediram à diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, que reavalie o compartilhamento de informações com Madri para evitar possíveis interceptações por Pequim.
O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Rick Crawford, qualificou o acordo como “quase inimaginável”. A Comissão Europeia também emitiu alerta formal, apontando a Huawei como fornecedor de “risco materialmente elevado” e recomendando que Estados-membros excluam empresas de alto risco de infraestruturas críticas.
Imagem: Morgan Phillips FOXBusiness via foxbusiness.com
Fontes da Polícia Nacional e da Guarda Civil disseram ao jornal espanhol The Objective sentir-se desconfortáveis com a parceria. “Estamos sendo orientados a proteger operações sensíveis com sistemas que a maioria dos nossos aliados não confia”, afirmou um agente sob condição de anonimato.
A Lei de Inteligência Nacional da China, promulgada em 2017, obriga cidadãos e empresas a colaborar com os serviços de inteligência do país. No ano passado, hackers chineses invadiram sistemas de escutas de tribunais norte-americanos, segundo o Wall Street Journal. O Escritório do Diretor de Inteligência Nacional dos EUA ressalta que a China continua sendo “a ameaça cibernética mais ativa e persistente” contra redes governamentais, privadas e de infraestrutura crítica, com operações como a Salt Typhoon voltadas a comunicações.