Especialista lembra que retornos de dois dígitos mascaram choques como pandemia e altas de juros

Em artigo publicado no blog De Grão em Grão, o assessor de investimentos e sócio da Casa do Investidor, Michael Viriato, comparou o comportamento de quem observa gráficos financeiros à distância com a experiência de quem acompanha as oscilações no dia a dia. Segundo ele, a linha ascendente vista em retrospecto não revela o medo vivido durante correções bruscas.

Viriato destacou que, na última década, ativos de risco como S&P 500, ouro, Nasdaq, Índice de Dividendos da B3 e Ibovespa registraram retorno médio superior a 11% ao ano. No mesmo período, o CDI rendeu cerca de 9,2% ao ano. Para o especialista, esse desempenho histórico faz muitos investidores acreditarem que “basta comprar e esperar”, sem considerar a volatilidade enfrentada ao longo do caminho.

Para ilustrar os riscos, ele citou a queda generalizada de 2020, quando a pandemia provocou quatro circuit breakers na Bolsa brasileira em apenas seis pregões, e a pressão de 2022, período em que a alta dos juros nos Estados Unidos derrubou índices de tecnologia. “O gráfico não mostra a tensão de cada queda”, escreveu.

Viriato argumentou que existe um “paradoxo da distância emocional”: quanto mais longe o investidor está de um evento, seja no tempo ou no risco, mais racional ele se sente. Já durante as crises, a reação tende a ser vender na pior hora. Por isso, defendeu que o tamanho da exposição é mais decisivo que a simples escolha do ativo.

Imagem: redir.folha.com.br

O colunista recomendou começar com participações menores e aumentá-las gradualmente, permitindo que cada investidor teste a própria tolerância às oscilações. “O retorno permanece para quem atravessa o vazio, não para quem o observa da ponte”, concluiu.