São Paulo – A proliferação de termos como “high grade”, “high yield” e “middle risk” nos fundos imobiliários de recebíveis (fundos de papel) tem confundido investidores e ampliado a necessidade de avaliação independente, afirma Lucas Araújo, sócio e gestor da AF Invest Real Estate.
Em entrevista ao programa Liga de FIIs, exibido às quartas-feiras no canal do InfoMoney no YouTube, Araújo declarou que as etiquetas de risco divulgadas pelas próprias gestoras “dizem mais sobre como cada casa se enxerga do que sobre o risco real da carteira”.
Segundo o gestor, a autodeclaração continua relevante, mas deveria “passar por um escrutínio externo” para oferecer mais segurança ao público. “Reduzir o peso de a gestão ser a única voz sobre o risco das operações” é o principal objetivo, pontuou.
Na AF Invest, a classificação foi simplificada para duas categorias, em linha com padrões internacionais: high grade (grau de investimento) e high yield (demais emissões). “A régua fica clara para o investidor”, explicou.
Araújo reconhece avanços na transparência da indústria, mas observa que analisar um fundo de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) segue sendo “trabalho hercúleo”. Muitas operações, diz ele, não possuem rating formal por causa de custos elevados, o que reforça a importância de análises independentes para dimensionar o risco de cada crédito.
Imagem: infomoney.com.br
O gestor avalia que o cenário atual exige cautela. “Hoje não justifica correr riscos por 3% ou 4% a mais ao ano. Estamos priorizando operações de qualidade, mesmo com retorno inferior”, afirmou, citando spreads comprimidos e maior busca por segurança.
De acordo com Araújo, a entrada de recursos via amortizações e as captações bilionárias em fundos de renda fixa tornaram a procura por crédito de melhor qualidade um movimento estrutural. Esse fluxo, na visão dele, “força mais disciplina e eficiência” nas novas emissões e beneficia todo o ecossistema.
A entrevista completa pode ser vista no Liga de FIIs desta semana.