A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) passou a permitir que gestores de fundos de índice (ETFs) criem e resgatem cotas usando diretamente Bitcoin (BTC) e Ether (ETH), sem a intermediação de dinheiro. A decisão, anunciada em 29 de julho, foi classificada por analistas como um ajuste estrutural importante, mas sem impacto imediato na forma como o investidor de varejo opera.
O analista da Bloomberg Intelligence Eric Balchunas descreveu a mudança como “um conserto na tubulação”. Segundo ele, a novidade não permitirá que pessoas físicas troquem cotas de ETFs por criptomoedas, mas sinaliza que o regulador “está disposto a tratar cripto como uma classe de ativos legítima”.
O novo modelo, chamado de in-kind creations and redemptions, elimina taxas de conversão, aumenta a precisão de preços e tende a reduzir custos e spreads para o investidor final. A prática já é comum em ETFs tradicionais.
Na quinta-feira (1º), a Bitwise Asset Management informou que seus ETFs de Bitcoin e de Ether passarão a adotar o mecanismo autorizado pela SEC, tornando-se os primeiros fundos cripto dos Estados Unidos a operar nesse formato após a decisão do regulador.
Para o presidente da Bitwise, Teddy Fusaro, a medida coloca os ETFs de ativos digitais “na mesma base utilizada por instituições e outros fundos listados”. Já Federico Brokate, responsável pelo negócio nos EUA da 21Shares, afirmou que o novo modelo “abre caminho para maior integração entre ativos digitais e o sistema financeiro tradicional”.
Enquanto isso, os ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos continuam a aumentar suas reservas. Dados do site Bitbo mostram que, até 31 de julho de 2025, os 12 fundos listados no país somavam 1.299.401 BTC — o equivalente a 6,18% da oferta total limitada a 21 milhões de moedas.
Imagem: Trader Iniciante 2 (17)
O iShares Bitcoin Trust, da BlackRock, lidera com 740.601 BTC (US$ 87,66 bilhões). Em seguida aparecem o Fidelity Wise Origin Bitcoin Fund, com 205.864,2 BTC (US$ 24,37 bilhões), e o Bitwise Bitcoin ETF, com 40.638,7 BTC (US$ 4,81 bilhões).
Ex-presidente da SEC, Gary Gensler era contrário ao formato in-kind, alegando preocupação com eventuais origens ilícitas dos recursos. A nova postura do órgão, porém, aproxima os produtos cripto das práticas já consolidadas no mercado de ETFs tradicionais.
Não há, por enquanto, previsão de mudanças na experiência do investidor de varejo, mas analistas entendem que a decisão deve tornar esses fundos mais competitivos ao reduzir custos operacionais.
Com informações de Cointelegraph