O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira, 10 de dezembro, manter a taxa Selic em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006. A decisão, unânime e já antecipada pelos agentes financeiros, marcou a quarta reunião consecutiva sem alteração na taxa básica de juros.
No comunicado, o Banco Central ressaltou que as expectativas de inflação continuam acima da meta, que a atividade econômica segue resiliente e que há pressões no mercado de trabalho. Diante desse quadro, avaliou que a política monetária precisa permanecer “significativamente contracionista” por um período prolongado.
Para Matheus Spiess, estrategista da Empiricus Research, o Copom repetiu o discurso considerado hawkish da reunião anterior, sem qualquer sinal de afrouxamento. Já José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, afirmou que a possibilidade de corte em janeiro continua remota e que o ciclo de redução dos juros tende a começar somente em março, caso o comitê indique isso na reunião do primeiro mês do ano.
Rodrigo Marques, economista-chefe da Nest Asset Management, comparou a postura do BC a um “Grinch do Natal” para quem contava com cortes imediatos, destacando que a mensagem foi conter o otimismo do mercado.
Com a decisão já precificada, analistas preveem leve realização de lucros no pregão de quinta-feira (11). Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital, falou em “dia de ressaca” após a alta desta quarta-feira, quando o Ibovespa avançou 0,69%, aos 159.074,97 pontos, impulsionado pelo corte de juros do Federal Reserve para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano.
Na mesma linha, Bruno Perri, economista-chefe da Forum Investimentos, acredita que o tom mais duro do Copom deve pesar sobre o índice.
Imagem: Liliane de Lima via moneytimes.com.br
No mercado externo, o ETF EWZ — que replica o MSCI Brasil — chegou a subir 0,81% logo após o comunicado e fechou em alta de 0,09%, a US$ 32,77.
As taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs) de vencimentos mais curtos tendem a abrir em alta, refletindo a expectativa de manutenção da Selic em janeiro, segundo Bolzan. A equipe de macroeconomia da Warren projeta um movimento de flattening da curva — queda das taxas mais longas — caso o mercado consolide a aposta de corte apenas em março.
A postura firme do Copom pode fortalecer o real, avalia a Warren. Nesta quarta-feira, o dólar à vista encerrou cotado a R$ 5,4686, alta de 0,60%.
Com a decisão mantida e sinalizações de cautela no horizonte, investidores acompanham os próximos dados de inflação e a reunião de janeiro para confirmar quando começará o ciclo de flexibilização monetária.