A manutenção da taxa Selic em 15% ao ano continua tornando a renda fixa o destino preferencial de investidores brasileiros, mas a atenção tem se voltado não apenas aos pós-fixados. Analistas apontam que os títulos prefixados começam a ganhar espaço, enquanto Tesouro Selic e Tesouro IPCA+ seguem como alternativas de baixo risco.
Marcel Andrade, head de Investments Solutions da SulAmérica Investimentos, calcula que uma Selic de 15% combinada com inflação estimada em 5,20% gera um juro real próximo a 10%. Nesse contexto, ele recomenda manter a alocação em renda fixa.
Nicolas Gass, sócio e head de alocação da GT Capital, defende o Tesouro Selic como “papel super tranquilo” para enfrentar incertezas, lembrando que a taxa deverá permanecer elevada por pelo menos seis meses. Já Lucas Constantino, estrategista-chefe da GCB Investimentos, ressalta que os pós-fixados funcionam como “proteção natural” diante de instabilidade geopolítica, riscos fiscais e cenário político pré-eleitoral.
Com juro real de cerca de 7,5% ao ano em títulos de dez anos, o Tesouro IPCA+ segue entre os favoritos. Andrade indica o papel para quem pode segurar o investimento até o vencimento, evitando a volatilidade de mercado.
Fernando Gonçalves, sócio da The Hill Capital, avalia que as taxas entre 13,64% e 14,08% ao ano nos títulos prefixados do mercado primário já incorporam incertezas fiscais e juros altos. Se houver melhora no quadro econômico, investidores podem se beneficiar da queda das taxas via marcação a mercado, obtendo ganho de capital na venda antecipada.
Gass recomenda pós-fixados para horizontes curtos e defende utilizar papéis atrelados à inflação ou prefixados em aplicações superiores a seis anos. Segundo ele, esses produtos permitem capturar ganhos adicionais caso o ciclo de corte de juros se confirme.
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No mercado de crédito privado, a atratividade é limitada, afirma Andrade, citando a compressão de spreads provocada pela forte demanda. Ele também prevê corrida por debêntures incentivadas até o fim do ano, antes de possível término da isenção de imposto.
Para Marcelo Peixoto, gestor de crédito privado da Trigono Capital, 2025 exige “postura de cautela”, com foco em empresas de melhor saúde financeira. O gestor vê oportunidades em papéis de vencimento mais longo, que podem estar subprecificados.
Artur Carneiro, sócio-fundador da Éxes, considera as debêntures adequadas como componente defensivo, mas aponta maior potencial em CRIs, CRAs e cotas de FIDCs isentos. Na mesma linha, Luiz Christ, gestor da Principal Asset, menciona algumas debêntures e letras financeiras curtas (vencimento em 2025 ou 2026) e FIDCs que ainda pagam spreads interessantes, embora alerte para a menor liquidez desses ativos.
Com informações de InfoMoney