Rio de Janeiro — Funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirmam que a direção comandada por Marcio Pochmann exonerou, por retaliação, a servidora Catarina Félix dos Santos Soares, responsável pela Gerência de Biblioteca, Informação e Memória (Gebim). A medida ocorreu um dia depois de ela contestar, por ofício, a possível transferência do acervo da biblioteca para o Complexo de Parada de Lucas, zona norte do Rio.
No documento enviado em 10 de novembro à Coordenação de Atendimento e Informação (Coati), à qual a Gebim é subordinada, Soares apontou riscos de conservação do material e sugeriu alternativas consideradas mais seguras e econômicas. Em 11 de novembro, foi dispensada da função, segundo carta aberta assinada por servidores.
A biblioteca ficava no Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI), no Maracanã, mas foi levada em abril de 2024 para o Palácio da Fazenda, no centro da capital fluminense. O manifesto dos servidores calcula que o custo anual previsto para ocupação do novo espaço era de R$ 236.868,40; entretanto, em 19 meses, teriam sido pagos cerca de R$ 1 milhão.
Além do aumento de despesas, laudo da Engenharia do IBGE concluiu que o local não suporta a carga do acervo, recomendando que ele não fosse mantido ali. Mesmo assim, a direção do CDDI teria proposto nova mudança para Parada de Lucas, área desativada por questões de segurança e considerada inadequada pelos técnicos.
No manifesto, os servidores classificam a demissão de Soares como “ato retaliatório e intimidatório” que fere princípios de impessoalidade, transparência e moralidade da administração pública. Eles alegam que o episódio faz parte de um padrão de decisões que buscam silenciar posicionamentos técnicos.
Imagem: redir.folha.com.br
Em nota, a gestão Pochmann declarou que as acusações não têm provas e atingem a honra de outros funcionários. A direção informou que, desde 2018, o acervo está fechado e abandonado, e que pretende reabrir parte dele em 2026, quando o instituto completa 90 anos. Segundo o comunicado, o IBGE não paga aluguel, mas condomínio no Palácio da Fazenda, onde funciona a Casa Brasil IBGE, inaugurada em maio de 2024 em área de quase 2 mil m² para exposições e eventos. Os valores desembolsados seriam fruto de acordo de cooperação técnica com a administração do prédio público.
O IBGE acrescentou que a instalação no centro do Rio é temporária e faz parte de plano de reforma do espaço original da biblioteca.