À medida que 2026 se aproxima, ano marcado por eleições no segundo semestre, investidores que ainda não deram o primeiro passo podem se beneficiar de orientações práticas para começar a aplicar recursos sem se deixar paralisar pela volatilidade política. O planejador financeiro Michael Viriato, sócio da Casa do Investidor, e a estrategista de alocação da XP, Rachel de Sá, elencaram sete ações fundamentais para quem pretende sair do zero e criar uma carteira capaz de atravessar diferentes ciclos econômicos e eleitorais.
Os especialistas reforçam que adiar o primeiro aporte é o erro mais comum. Segundo Rachel de Sá, o cenário político não deve ser usado como desculpa para postergar decisões de investimento. Viriato acrescenta que aceitar oscilações de curto prazo faz parte do processo de aprendizado.
Viriato resume os principais obstáculos em procrastinação, preciosismo e paralisia. “O feito é melhor que o perfeito”, afirma o planejador, destacando que o hábito de investir importa mais do que encontrar a estratégia ideal logo no início.
Antes de escolher produtos, é preciso mapear gastos. Pequenas saídas — como cafés, lanches e assinaturas — podem somar valores relevantes. Revisar contratos de serviços, como internet e telefonia, também ajuda a liberar recursos para os aportes.
Para quem tem dificuldade em manter disciplina, Viriato sugere mecanismos automáticos, como previdência com débito no cartão ou consórcios, que funcionam como compromissos mensais fixos.
O “colchão” financeiro deve ter liquidez imediata, segurança e baixa volatilidade, lembram os especialistas. Entre as opções recomendadas estão Tesouro Selic, fundos DI simples e CDBs de bancos sólidos que paguem, no mínimo, 100% do CDI.
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Uma simulação de Viriato mostra o impacto do início antecipado: para obter renda de R$ 10 mil mensais na aposentadoria, com taxa real de 5% ao ano, quem começa aos 25 anos precisa aplicar cerca de R$ 1.200 por mês; aos 55, o valor salta para R$ 12.200 mensais.
Rachel de Sá recomenda combinar classes descorrelacionadas — renda fixa pós-fixada, prefixada e atrelada ao IPCA, multimercados, ações brasileiras e internacionais, renda fixa global e previdência — para suavizar oscilações e melhorar o retorno ajustado ao risco. A avaliação da carteira, defendem os profissionais, deve ocorrer em janelas de três a cinco anos, não a cada manchete eleitoral.
Com juros elevados e um calendário político agitado, constância nos aportes e respeito ao perfil de risco tendem a ser mais decisivos que qualquer tentativa de antecipar o resultado das urnas.