As usinas de aço instaladas no Brasil eliminaram 5.100 postos de trabalho e paralisaram R$ 2,5 bilhões em aportes até novembro, pressionadas pelo aumento das importações de produtos chineses. Os números foram apresentados nesta terça-feira (16) pelo Instituto Aço Brasil.
No mesmo período, quatro alto-fornos, uma aciaria e cinco minimills (usinas semi-integradas que utilizam forno elétrico) foram desativados diante da menor procura pelo aço produzido no país em comparação a 2024.
O instituto revisou sua projeção para a produção de aço bruto em 2025, estimando recuo de 2,2% — antes, previa queda de 0,8%. A expectativa é que o setor encerre o ano com 33,1 milhões de toneladas produzidas, 21,1 milhões destinadas ao mercado interno e 10,2 milhões exportadas, esta última cifra 6,9% acima da previsão anterior.
A entidade calcula que as compras externas de aço bruto crescerão 7,5% ante 2024, enquanto as de produtos laminados avançarão 20,5%. Mesmo abaixo das estimativas anteriores (19,1% e 32,2%, respectivamente), os volumes continuam a preocupar a indústria nacional.
Entre janeiro e novembro, o país importou 5,4 milhões de toneladas de laminados — média anual de 2,2 milhões entre 2000 e 2019. Desse total, 64% vieram da China. Outros 6,2 milhões de toneladas ingressaram de forma indireta, já transformadas em bens finais como eletrodomésticos, veículos e máquinas.
Segundo o Instituto Aço Brasil, a rápida redução no preço do aço chinês indica prática de dumping. Dados da plataforma Platts mostram que o preço da tonelada de bobina a quente caiu de US$ 560 em janeiro de 2024 para US$ 454 em novembro de 2025, período em que também houve redução nas margens das siderúrgicas chinesas.
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Em maio, o governo brasileiro renovou cotas de importação para 16 tipos de aço — 76% do volume vinha da China. As tarifas variam de 9% a 16% dentro das cotas e chegam a 25% quando o limite é ultrapassado. O setor tenta elevar essas alíquotas alegando perda de competitividade.
No terceiro trimestre de 2025, o Ebitda das siderúrgicas instaladas no país somou R$ 2,8 bilhões, quase metade do registrado um ano antes. A margem Ebitda recuou de 12,9% para 7,7%.
Outra frente de atuação envolve a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a todo tipo de aço. O presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, afirmou esperar que o governo de Donald Trump retome o sistema de cotas de 2018, que permitia exportar até 3,5 milhões de toneladas de aço semiacabado para o mercado norte-americano sem taxação.
Enquanto aguarda definições, a indústria segue ajustando capacidade, cortando empregos e postergando investimentos em meio à concorrência asiática.