O serviço 12ft.io, criado para driblar barreiras de acesso em portais jornalísticos exclusivos para assinantes, foi desativado em 14 de julho, resultado de uma iniciativa da News Media Alliance (NMA), entidade que reúne 2.200 empresas de comunicação dos Estados Unidos e do Canadá. A informação foi divulgada pela própria associação em comunicado publicado três dias depois, em 17 de julho.
No texto, a NMA informou que o bloqueio partiu do provedor responsável pela hospedagem do 12ft.io, mas não detalhou quais medidas foram tomadas. “Veículos de comunicação destinam recursos significativos para produzir conteúdo de qualidade, e ferramentas ilegais como o 12ft.io comprometem o financiamento desse trabalho por meio de assinaturas e anúncios”, afirmou a presidente da entidade, Danielle Coffey.
Lançado em janeiro de 2021 pelo engenheiro de software Thomas Millar, o 12ft.io — também chamado de “12 Foot Ladder” — se baseava na ideia de que “para cada muro de dez pés, existe uma escada de doze pés”. Millar disse ter criado a plataforma após perceber que oito entre dez links no topo das pesquisas do Google ficavam atrás de paywalls. Em 2022, ele passou a oferecer planos pagos que removiam anúncios e, segundo ele, tinham a missão de “limpar a web”.
Em outubro de 2023, a empresa de hospedagem Vercel já havia retirado o sistema do ar, alegando violações de termos de uso depois de receber queixas de veículos de imprensa. “O site derrubado desrespeitou nossas regras e exigiu centenas de horas do nosso suporte”, declarou na ocasião o CEO da Vercel, Guillermo Rauch.
Após o episódio, Millar informou na rede social X (antigo Twitter) que migrou o serviço para um servidor virtual privado. Segundo ele, o 12ft.io recebia mais de um milhão de acessos mensais, mas a nova empresa de hospedagem também removeu a página.
Imagem: redir.folha.com.br
Para Coffey, a retirada definitiva do site representa “uma vitória para os veículos de comunicação e para todos que valorizam conteúdo de qualidade”. A NMA, que conta com associados como The Guardian, The Atlantic, Los Angeles Times e Vox Media, move ainda processos na Justiça norte-americana para que o uso não licenciado de material jornalístico no treinamento de modelos de inteligência artificial seja enquadrado como pirataria. Em 21 de maio, a presidente da entidade criticou a busca com IA do Google, acusando a empresa de utilizar conteúdo sem autorização “e sem garantir retorno” às redações.
Com informações de Folha de S.Paulo