Alajuela (Costa Rica) – A Starbucks transformou a fazenda Alsacia, na província de Alajuela, em seu principal centro de pesquisas agronômicas para desenvolver variedades de café arábica capazes de resistir às mudanças climáticas.
Localizada a quase 1.700 metros de altitude e com 240 hectares — 170 deles plantados com café —, a propriedade reúne quase 200 cultivares diferentes. O objetivo é selecionar plantas que combinem qualidade sensorial, resistência a pragas e tolerância a eventos climáticos extremos, explicou o vice-presidente global de café da companhia, Ricardo Arias-Nath.
O agrônomo Carlos Mario Rodriguez, diretor global de pesquisa e desenvolvimento, lidera os cruzamentos entre as variedades mantidas na coleção genética da empresa. Segundo ele, raízes mais eficientes na absorção de água e nutrientes são prioridade para enfrentar períodos de seca.
Em 2024, a Starbucks distribuiu 2,5 toneladas de sementes a produtores de diversos países por meio de seus dez centros de apoio agrícola. Um desses centros fica em Varginha (MG), principal polo cafeeiro do Brasil. A rede compra atualmente café de cerca de 400 mil fazendas em 30 nações.
Estudos indicam que até metade das áreas hoje aptas para o cultivo de café pode se tornar inviável nas próximas décadas devido ao aquecimento global. A espécie arábica, valorizada pelo sabor mais suave, é a mais vulnerável a oscilações de temperatura, secas prolongadas, chuvas excessivas e geadas.
Imagem: redir.folha.com.br
Além da pesquisa genética, a multinacional incentiva práticas de agricultura regenerativa — manejo que busca conservar solo, água e biodiversidade, reduzindo emissões de carbono. Na própria Alsacia, os cafezais dividem espaço com árvores frutíferas e áreas de mata nativa.
Diferentemente de concorrentes como a Nespresso, a Starbucks não oferece prêmios financeiros adicionais aos fornecedores que adotam tais práticas. A estratégia é fornecer capacitação técnica. “Aprendemos com produtores brasileiros tanto quanto compartilhamos conhecimento com eles”, afirmou Ritesh Sharan, diretor global dos centros de apoio aos fazendeiros.
Arias-Nath resume a motivação do investimento: “Queremos que nossos filhos e os filhos deles continuem apreciando uma excelente xícara de café arábica”.