São Paulo, 17 de junho de 2024 – A Strive, 14ª maior companhia de capital aberto com tesouraria em Bitcoin e listada na Nasdaq, enviou carta ao presidente e CEO da MSCI, Henry Fernandez, solicitando a revisão da proposta que exclui de seus índices empresas cujo patrimônio em ativos digitais ultrapasse 50% do total.
No documento, a Strive afirma que a medida reduziria a exposição de investidores passivos a setores em crescimento e, ao mesmo tempo, não atingiria todas as empresas pretendidas. A gestora alerta ainda que a saída dos índices pode representar prejuízo relevante. Analistas do JPMorgan estimaram que a Strategy, integrante do MSCI World Index, poderia perder US$ 2,8 bilhões caso a mudança seja implementada. O presidente da Strategy, Michael Saylor, disse estar em diálogo com a provedora de índices sobre o tema.
O CEO da Strive, Matt Cole, argumenta que mineradoras de Bitcoin potencialmente afetadas, como MARA Holdings, Riot Platforms e Hut 8, ampliam rapidamente seus data centers para fornecer energia e infraestrutura à computação de inteligência artificial (IA).
“Muitos analistas apontam que a corrida pela IA esbarra mais no acesso a energia do que em semicondutores. As mineradoras estão bem posicionadas para atender essa demanda”, escreveu Cole. Segundo ele, mesmo com a nova receita vinda de IA, as reservas em Bitcoin permanecerão, e a exclusão da MSCI limitaria a participação dos clientes em um dos segmentos de crescimento mais rápido da economia.
Cole acrescenta que a proposta também afastaria companhias como Strategy e Metaplanet, que oferecem aos investidores produtos semelhantes a notas estruturadas vinculadas ao desempenho do Bitcoin, já comercializadas por bancos como JPMorgan, Morgan Stanley e Goldman Sachs.
“O financiamento estruturado em Bitcoin é tão real para nós quanto para o JPMorgan. Seria assimétrico competir com instituições tradicionais, que teriam custo de capital mais baixo por não sofrer penalidades de provedores de índices”, diz a carta.
Imagem: cointelegraph.com
A Strive classifica como impraticável atrelar a inclusão nos índices a um ativo tão volátil. Com oscilações no preço do Bitcoin, empresas poderiam entrar e sair dos índices constantemente, elevando custos de gestão e erros de acompanhamento. Cole observa também a dificuldade de medir quando a participação em ativos digitais atinge 50%, pois a exposição pode ocorrer por derivativos, ETFs e outros instrumentos.
Como exemplo, cita a Trump Media & Technology Group, décima maior tesouraria pública em Bitcoin, que ficou fora da lista preliminar de exclusão porque suas posições “spot” representam pouco menos de 50% do patrimônio total, apesar de buscar maior exposição via derivativos e ETFs.
Em vez da exclusão ampla, a Strive sugere que a MSCI crie versões “ex-digital asset treasury” dos índices já existentes. Dessa forma, investidores que desejam evitar essas empresas poderiam optar por esses benchmarks, enquanto os demais continuariam a utilizar os índices padrão que refletem o universo acionário disponível.
Até o momento, a MSCI não comentou publicamente sobre o pedido da Strive.