Stuhlberger vê risco de “corrida anti-dólar” e projeta forte desvalorização da moeda

O gestor Luiz Stuhlberger, da Verde Asset, afirmou nesta segunda-feira (29) que o dólar deve perder valor de forma expressiva nos próximos anos, impulsionado pela perspectiva de cortes de juros nos Estados Unidos e pela migração global para ativos reais.

Em painel organizado pelo Itaú BBA, em São Paulo, Stuhlberger estimou que os Fed Funds podem recuar para cerca de 2,5% “daqui a um ou dois anos”. Segundo ele, quando esse patamar for alcançado, a busca por proteção fora da moeda norte-americana tende a se intensificar, acelerando a desvalorização.

Busca por ativos reais

O gestor destacou que investidores já se deslocam para ativos como ouro, Bitcoin, prata, cobre, urânio e ações ligadas à infraestrutura, movimento que ele classificou como uma “corrida anti-dólar”. Stuhlberger alertou para o risco de entrada tardia nesse fluxo: “Comprar ouro a US$ 10 mil ou Bitcoin a US$ 500 mil pode ser um autocalote, porque você paga duas ou três vezes o valor justo apenas para sair do dólar”, ponderou.

Nível atual da moeda

Apesar de ter recuado cerca de 10% em 2025, o índice DXY ainda opera 10% a 15% acima da média histórica, observou Stuhlberger. Para ele, uma queda adicional de 10% aproximaria a cotação do ponto médio de longo prazo.

Eleição de 2026 e política monetária

O gestor afirmou que análises mais sólidas sobre a eleição presidencial brasileira só serão possíveis a partir do segundo trimestre de 2026. Até lá, avalia, a política monetária global seguirá como principal tema para os mercados. Ele acrescentou que uma eventual continuidade do governo Lula é vista pelo mercado como cenário relativamente previsível.

Imagem: infomoney.com.br

Ponto de vista da Ibiuna

No mesmo evento, Rodrigo Azevedo, sócio da Ibiuna Investimentos, também previu enfraquecimento gradual do dólar, atribuindo o movimento à redistribuição de capitais após anos de desempenho superior da economia norte-americana. “Os investidores estão sobrealocados nos Estados Unidos; apenas voltar a uma posição neutra já pressiona a moeda”, disse.

Azevedo ponderou, entretanto, que possíveis ganhos de produtividade proporcionados pela inteligência artificial podem diminuir ou até reverter o processo de depreciação, embora considere difícil quantificar esse impacto no momento.