Nova rodada de tarifas de Trump reacende debate sobre abertura comercial no Brasil

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As tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros provocaram reação imediata de exportadores e expõem, segundo a economista Deborah Bizarria, uma chance de o país retomar o debate sobre integração comercial ampla e coordenada.

Para Bizarria, formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em gestão pública no Insper, a ofensiva de Washington tem caráter político. Na avaliação da economista, a carta enviada pela Casa Branca pedindo o arquivamento do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro demonstra o uso de barreiras tarifárias como instrumento de pressão diplomática.

Impactos do comércio internacional

A economista lembra que estudos acadêmicos apontam ganhos consistentes quando países reduzem barreiras de forma estruturada: aumento de produtividade, queda de preços e maior acesso a insumos e tecnologias. Ela ressalta, contudo, que esses benefícios convivem com custos setoriais concentrados, exigindo políticas de compensação.

Bizarria cita pesquisa de David Autor, David Dorn e Gordon Hanson sobre o período de 1990 a 2007 nos Estados Unidos. O trabalho identificou perda de empregos, crescimento do desemprego de longo prazo e estagnação salarial em regiões mais expostas à concorrência chinesa, embora a economia americana como um todo tenha se beneficiado da globalização.

Outro exemplo mencionado é o da Índia. A pesquisadora Petia Topalova constatou aumento da pobreza em distritos mais vulneráveis após a liberalização dos anos 1990. Segundo Bizarria, quando o país ofereceu programas de apoio, como o NREGS, os impactos negativos foram atenuados.

Situação brasileira

No Brasil, observa Bizarria, a defesa da abertura segue frágil. O país mantém tarifas elevadas em setores de baixa produtividade e pouca inserção em cadeias globais, o que, para ela, resulta em política cara e ineficiente. A economista defende que a nova investida protecionista dos EUA seja usada como “janela” para discutir um plano que combine liberalização gradual com medidas compensatórias.

Nova rodada de tarifas de Trump reacende debate sobre abertura comercial no Brasil - Imagem do artigo original

Imagem: redir.folha.com.br

Enquanto isso, empresários afetados calculam prejuízos e pressionam o governo a não abandonar negociações com Washington. No Palácio do Planalto, alas contrárias à retaliação ganharam força após a divulgação de uma lista de exceções ao tarifaço. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que Brasília “segue buscando parcerias” com os Estados Unidos.

Bizarria conclui que, sem coordenação entre abertura comercial e políticas de proteção aos grupos mais atingidos, a oportunidade gerada pelas tarifas americanas pode se perder, mantendo o Brasil distante dos potenciais ganhos do comércio exterior.

Com informações de Folha de S.Paulo

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