Tarifas impostas por Trump agravam crise no campo e freiam vendas da John Deere nos EUA

Mercado Financeiro2 dias atrás9 Visualizações

A John Deere, maior fabricante mundial de máquinas agrícolas, afirmou que as tarifas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão piorando a situação financeira dos produtores rurais norte-americanos e provocando adiamento na troca de equipamentos.

Cory Reed, presidente da divisão de agricultura e gramados da companhia, declarou ao Financial Times que a procura por tratores de alta potência, colheitadeiras e pulverizadores no mercado doméstico enfraqueceu diante de preços baixos de grãos, custos maiores de insumos e incertezas comerciais.

Queda de produção e perspectiva de demissões

Segundo Reed, a fábrica principal da empresa em Waterloo, Iowa, está produzindo este ano metade do número de tratores fabricados dois anos atrás. A empresa projeta novos cortes de pessoal em 2026, após várias rodadas de demissões recentes.

Soja e milho em queda

A interrupção nas vendas externas tem pressionado as cotações. A soja norte-americana caiu cerca de 40% desde o pico de meados de 2022, enquanto o milho recuou quase 50%. A China, principal compradora de soja dos EUA, só retomou as compras no mês passado depois de retaliar tarifas de Washington.

Pacote de socorro de US$ 12 bilhões

Na segunda-feira (8), o governo Trump anunciou ajuda de US$ 12 bilhões aos agricultores, incluindo US$ 11 bilhões em pagamentos únicos a produtores de grãos. Agricultores dizem, porém, que o montante não cobre meses de preços deprimidos. Falências de fazendas subiram quase 50% nos nove primeiros meses de 2025.

Resultados e projeções da John Deere

A companhia prevê queda de 15% a 20% nas vendas da divisão de máquinas agrícolas de grande porte no ano fiscal de 2026. O lucro líquido caiu 29%, para US$ 5 bilhões, no período encerrado em 2 de novembro. Para 2026, a expectativa é de ganhos entre US$ 4 bilhões e US$ 4,75 bilhões.

Custo extra de matérias-primas

As tarifas sobre aço e alumínio elevaram os preços desses insumos nos EUA. A John Deere projeta impacto pré-impostos de US$ 1,2 bilhão em 2026 — o dobro dos US$ 600 milhões absorvidos este ano, ou cerca de US$ 300 milhões por trimestre.

Mercado externo e estrutura industrial

Cerca de um quarto dos tratores de grande porte produzidos pela empresa nos EUA é exportado para Europa ou Canadá. Com maior custo de produção, a competitividade caiu, levando a cortes agressivos de despesas.

Durante a campanha presidencial, Trump ameaçou aplicar tarifa de 200% sobre equipamentos fabricados pela John Deere no México que entrassem nos EUA. Reed afirmou que o episódio mostrou o nível de integração das operações dos dois lados da fronteira. A companhia continua investindo em ambos os países, incluindo mais de US$ 20 bilhões em unidades norte-americanas.

Pressão financeira no cinturão agrícola

O Federal Reserve de Chicago informou que as taxas de pagamento de empréstimos no Centro-Oeste caíram pelo oitavo trimestre seguido até setembro, e quase metade dos bancos consultados prevê aumento de vendas forçadas ou liquidação de ativos rurais.

Com as cotações em baixa, produtores evitam comprometer recursos em máquinas que custam centenas de milhares de dólares, preferindo prolongar a vida útil de equipamentos usados. Estoques de tratores seminovos, que haviam crescido nos últimos dois anos, começaram a diminuir apenas recentemente.

Reed espera que o mercado toque o piso no início de 2026. Ele cita o pacote de ajuda federal, juros mais baixos, nova política de bioetanol e sinais de retomada no comércio agrícola como fatores que podem dar fôlego ao setor enquanto acordos comerciais estáveis não são restabelecidos.

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