O avanço dos investimentos em renda fixa no Brasil ganhou força no segundo trimestre de 2025. Dados da B3 indicam que o total de CPFs com aplicações nessa modalidade subiu 20% em relação ao mesmo período de 2024, chegando a 100,2 milhões. Entre as alternativas de menor risco, o programa Tesouro Direto alcançou 3 milhões de participantes em junho deste ano, alta de 14% na mesma base de comparação.
Lançado em 2002, o Tesouro Direto permite a compra de títulos públicos federais por meio de corretoras e bancos habilitados. Hoje, é possível adquirir frações de um título, o que elimina o valor mínimo fixo e amplia o alcance a novos investidores. “Essa flexibilidade coloca o produto à frente de outras opções em termos de acessibilidade”, afirma Guilherme Almeida, responsável pela área de renda fixa da Suno Research.
Tesouro Selic
Indicada para quem precisa de liquidez diária, a aplicação acompanha a taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano. É usada como reserva de emergência ou complemento de carteira e pode ser resgatada a qualquer momento.
Tesouro Prefixado
Oferece rendimento fixo acertado na data da compra. Garante previsibilidade até o vencimento, mas o preço do título pode oscilar caso a Selic mude antes desse prazo.
Tesouro IPCA+
Combina juros reais com a inflação, protegendo o poder de compra no médio e longo prazos. Levantamento da Quantum Finance mostra que as taxas variam entre 7% e 7,77% ao ano acima do IPCA, patamar considerado raro nos últimos dez anos.
Tesouro Renda+
Destino voltado à aposentadoria. Após a data escolhida pelo investidor, paga renda mensal por 20 anos, unindo variação do IPCA a juros prefixados.
Tesouro Educa+
Criado em agosto de 2023 para financiar estudos. Gera fluxo mensal por cinco anos, ideal para custear ensino superior de crianças e jovens.
Imagem: redir.folha.com.br
Segundo a economista Paula Sauer, da ESPM, o primeiro passo é definir o objetivo — reserva de emergência, aposentadoria ou compra futura. “Prazo definido facilita a escolha adequada”, explica. Para metas de curto prazo e segurança, especialistas recomendam o Tesouro Selic. Quem busca previsibilidade tende ao prefixado, enquanto objetivos de longo prazo com proteção inflacionária podem ser atendidos pelo IPCA+ ou pelos títulos de renda programada, observa o planejador financeiro Harion Camargo.
Como o emissor é o Tesouro Nacional, o risco de calote é considerado baixo. A variedade de indexadores e vencimentos permite adequar estratégias a diferentes cenários econômicos. Entre as desvantagens estão a marcação a mercado — que pode gerar perdas em resgates antecipados — e a taxa de custódia de 0,20% ao ano, isenta apenas para aplicações de até R$ 10 mil no Tesouro Selic.
O Imposto de Renda incide no momento do resgate e segue a tabela regressiva: 22,5% até 180 dias; 20% entre 181 e 360 dias; 17,5% de 361 a 720 dias; e 15% após dois anos. Uma medida provisória em tramitação prevê alíquota única de 17,5%. Além disso, o IOF é cobrado apenas quando o resgate ocorre antes de 30 dias.
Simulações de rentabilidade, abertura de conta e testes de perfil podem ser feitos no site ou no aplicativo do Tesouro Direto. A recomendação de especialistas é manter o título até o vencimento para garantir o retorno contratado.