O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem liberdade para telefonar a qualquer momento caso queira discutir as tarifas aplicadas a produtos brasileiros.
“Ele pode falar comigo quando ele quiser”, declarou Trump a jornalistas no gramado da Casa Branca. O comentário veio dois dias depois do decreto que elevou para 50% a tarifa sobre exportações brasileiras e um dia após um novo tarifaço que aumentou taxas para dezenas de países.
O líder norte-americano acrescentou que “ama o povo brasileiro”, mas disse que “as pessoas que lideram o Brasil fizeram coisas erradas”, referência interpretada como um recado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, alvo de sanções impostas por Washington.
Em entrevista na capital federal, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o objetivo brasileiro continua sendo ampliar parcerias com os EUA. Segundo ele, parte dos itens antes embarcados para o mercado norte-americano pode ser absorvida internamente, e a relação bilateral poderá ser fortalecida “desde que seja boa para os dois lados”.
Haddad ressaltou que, apesar do atual governo em Washington, o Brasil seguirá buscando uma relação “construtiva”, guiada por interesses nacionais e de longo prazo.
Na quarta-feira (30), Trump assinou medida que adicionou mais 40% de imposto sobre produtos brasileiros, elevando a sobretaxa total para 50% — a mais alta em vigor. Mesmo assim, cerca de 700 itens ficaram isentos da cobrança.
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Até o momento, Lula e Trump não conversaram diretamente sobre o tema nem se encontraram desde o início do novo mandato do norte-americano, em janeiro. Nas semanas anteriores, Lula afirmou que seu homólogo “não pode ser imperador do mundo”, disse que dobraria a aposta e acusou o chefe da Casa Branca de mentir ao justificar as medidas.
No câmbio, o dólar recuou 0,98% nesta sexta e fechou a R$ 5,545, influenciado por dados de emprego mais fracos nos EUA e pelas novas tarifas. Na B3, o Ibovespa cedeu 0,47%, a 132.437 pontos, em meio ao mesmo tema e à divulgação de balanços corporativos do segundo trimestre.
Em sua primeira manifestação pública após as sanções, o ministro Alexandre de Moraes classificou as ações dos EUA como “covardes e traiçoeiras”. Ele falou em “traição à pátria” e direcionou críticas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apontado como articulador da inclusão de seu nome na Lei Magnitsky, que prevê bloqueios financeiros. Sem citar o parlamentar, Moraes afirmou que os responsáveis “encontram-se foragidos e escondidos fora do território nacional”.
Com informações de Folha de S.Paulo