O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (31) um decreto que impõe tarifas entre 10% e 41% a dezenas de países e adia para 7 de agosto o início da nova rodada de aumentos, originalmente prevista para esta sexta (1º).
No mesmo dia, Trump editou um segundo decreto que eleva de 25% para 35% a tarifa sobre produtos do Canadá, em vigor já nesta sexta. Caso empresas canadenses redirecionem mercadorias a terceiros países para escapar da cobrança, os itens ficarão sujeitos a uma sobretaxa de 40%.
O Brasil aparece na lista principal com tarifa de 10%, mas foi alvo de medida adicional assinada na quarta-feira (30) que acrescenta outros 40 pontos percentuais, totalizando 50% — a alíquota mais alta definida até agora. Apesar do porcentual, o decreto concede isenção a cerca de 700 produtos brasileiros, o que representa 43% do valor exportado aos EUA. Derivados de petróleo, ferro-gusa, itens de aviação civil e suco de laranja estão entre os liberados, enquanto carnes, café e pescado permanecem taxados.
Em nota, a Casa Branca afirmou que a decisão busca “lidar com políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”. Trump mencionou em carta que a “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro também pesou na definição da sobretaxa.
O novo pacote inclui tarifa de 41% para a Síria, 39% para a Suíça, 30% para a África do Sul e 15% para a Venezuela. Índia e Taiwan enfrentarão alíquotas de 25% e 20%, respectivamente. O Lesoto, que havia sido ameaçado com 50%, ficou com 15%.
Alguns percentuais foram reduzidos em relação às ameaças iniciais: o Vietnã caiu de 46% para 20%; a Tailândia, de 36% para 19%. Já a Suíça subiu nove pontos, passando de 31% para 38%.
As tarifas retomam o chamado “Dia da Libertação”, de 2 de abril, quando Trump anunciou o tarifaço pela primeira vez. A reação negativa levou o governo a suspender as medidas na semana seguinte e a substituí-las por uma cobrança provisória de 10%, cujo prazo se encerraria nesta sexta.
Imagem: redir.folha.com.br
Desde então, Washington fechou acordos com China, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e União Europeia. Um integrante do governo americano explicou que países com superávit comercial em relação aos EUA pagarão 10%, enquanto aqueles com déficit pequeno enfrentarão 15%.
Em relação ao Canadá, Trump declarou que Ottawa precisa “pagar uma tarifa justa” e acusou o país de impor cobranças superiores a 200% sobre produtos agrícolas americanos. O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, descreveu as negociações como construtivas, mas admitiu que elas podem não ser concluídas antes da entrada em vigor da nova alíquota.
As tarifas globais estabelecidas nesta quinta entram em vigor em 7 de agosto, salvo as aplicadas ao Canadá, que começam a valer imediatamente.
Com informações de Folha de S.Paulo