O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou nesta terça-feira a China de praticar um “ato economicamente hostil” ao suspender a compra de soja norte-americana e afirmou que avalia encerrar transações comerciais com Pequim envolvendo óleo de cozinha e outros produtos.
“Acredito que a China está deixando de comprar nossa soja de propósito, causando dificuldades aos nossos agricultores”, escreveu Trump na rede Truth Social. Ele acrescentou que os EUA podem produzir seu próprio óleo de cozinha “sem precisar adquiri-lo da China”.
A interrupção das compras chinesas foi adotada na primavera como resposta às tarifas impostas pelo governo Trump e redirecionou a demanda para fornecedores como Brasil e Argentina. Segundo agricultores do sul de Illinois, a combinação de seca, custos elevados e bloqueio comercial deve levar a lucros abaixo do ponto de equilíbrio nesta safra.
A Associação Americana da Soja (ASA) informa que a China foi responsável por 61% das importações globais do grão nas últimas cinco safras. Antes da escalada tarifária de 2018, os chineses compravam em média 28% da produção dos EUA. O volume caiu para 11% na safra 2018/19, subiu a 31% em 2020/21 e recuou novamente para 22% em 2023/24.
“Dependemos do comércio com outros países, especialmente a China, para vender nossa soja”, disse Brad Arnold, agricultor de múltiplas gerações no sudoeste do Missouri, à Fox Business. Ele avalia que a paralisação “tem enorme impacto” sobre a receita da fazenda.
O economista-chefe da ASA, Scott Gerlt, afirmou que os produtores podem precisar de ajuda governamental ainda nesta colheita. De acordo com ele, fazendeiros mais novos, que arrendam terras e contraem empréstimos, enfrentam risco maior do que aqueles que já possuem propriedades e máquinas.
Imagem: Greg Wehner FOXBusiness via foxbusiness.com
“Parceiros comerciais previsíveis são melhores a longo prazo”, observou. “O socorro público pode manter os agricultores ativos até o próximo ano, mas, se não estivermos presentes no mercado agora, o sinal para a América do Sul é continuar expandindo a produção.”
Gerlt prevê que produtores de Argentina e Brasil devem aproveitar a demanda chinesa durante a disputa, o que pode afetar o setor norte-americano por período prolongado.
Questionado pela Fox Business se a China tenta criar um atrito entre EUA e Argentina ao preferir a soja argentina, Trump respondeu que sim: “A China gosta de criar divisões”.
No mesmo contexto, o ex-presidente anunciou nesta semana uma tarifa de 25% sobre caminhões médios e pesados importados como parte de sua estratégia comercial.