Washington – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou nesta quinta-feira (23) que encerrou todas as tratativas comerciais com o Canadá depois da veiculação de um anúncio que, segundo ele, distorce uma fala do ex-presidente Ronald Reagan sobre tarifas.
Em mensagem publicada na plataforma Truth Social, Trump classificou o material como “propaganda mentirosa” e escreveu: “Eles só fizeram isso para interferir na decisão da Superma Corte e de outros tribunais. Com base em seu comportamento ultrajante, TODAS AS NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS COM O CANADÁ ESTÃO ENCERRADAS”.
O anúncio foi divulgado pelo premiê de Ontário, Doug Ford, que declarou na terça-feira (21) que o conteúdo chamara a atenção do presidente americano. A peça exibe Reagan criticando tarifas sobre produtos estrangeiros e afirmando que medidas desse tipo provocam perda de empregos e guerras comerciais.
A gravação original, de abril de 1987, está arquivada na biblioteca presidencial de Reagan. No discurso, o então presidente reconhecia desvantagens de longo prazo das barreiras comerciais ao justificar a aplicação de sobretaxas a eletrônicos japoneses. O vídeo apresentado por Ford, contudo, altera a ordem de algumas frases.
Tarifas têm sido pilar da política comercial de Trump, que já elevou os impostos de importação dos EUA ao maior patamar desde a década de 1930 e ameaça impor novos encargos com frequência, causando apreensão entre empresários e economistas.
“Ouvi dizer que o presidente viu nosso anúncio. Tenho certeza de que ele não ficou muito feliz”, comentou Ford sobre a reação de Trump.
Imagem: redir.folha.com.br
Em Ottawa, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, declarou a jornalistas nesta quinta-feira que o país não concederá acesso injusto aos mercados domésticos caso fracassem as conversas sobre diversos acordos com Washington.
No início do ano, a Casa Branca impôs tarifas ao aço, ao alumínio e a automóveis canadenses, o que levou o governo do Canadá a adotar medidas equivalentes. Desde então, as duas nações negociam uma solução, especialmente para os setores de aço e alumínio.
Estados Unidos, Canadá e México deverão revisar, no próximo ano, o acordo de livre-comércio continental firmado em 2020.