São Paulo, 8 de julho de 2024 – O estrategista-chefe do UBS Global Wealth Management, Ronaldo Patah, afirmou que o forte fluxo de recursos para projetos de inteligência artificial (IA) não indica a formação de uma nova bolha no mercado de tecnologia. Segundo ele, as grandes companhias do setor apresentam lucro robusto, crescimento de receitas e continuam a expandir investimentos.
Patah participou nesta segunda-feira (8) do painel de abertura do evento Onde Investir 2026, organizado pelo InfoMoney em parceria com a XP. O encontro reúne economistas e gestores para avaliar cenários e sugerir estratégias de alocação de recursos para os próximos anos.
De acordo com o estrategista, as quatro maiores empresas de tecnologia devem desembolsar aproximadamente US$ 460 bilhões em 2025 para ampliar data centers, serviços de nuvem, chips e capacidade de processamento. A cifra supera com folga os US$ 300 bilhões estimados para o mesmo período um ano atrás, demonstrando que a demanda por infraestrutura de IA ainda está longe de ser atendida.
Patah reconhece que alguns múltiplos negociados nas bolsas norte-americanas – como a relação preço/lucro – estão de um a dois desvios-padrão acima da média histórica. Mesmo assim, o UBS mantém recomendação “acima do neutro” para ações globais, apoiado na expectativa de crescimento de lucros de pelo menos 8% em 2026. Hoje, o índice S&P 500 é negociado em torno de 22,5 vezes o lucro projetado.
No mesmo painel, Rodrigo Sgavioli, sócio e head de alocação da XP, observou que presidentes de bancos como Goldman Sachs e Morgan Stanley já alertaram para a possibilidade de ajustes nos preços das ações nos próximos 12 a 24 meses. Para o executivo, entretanto, tentar fazer market timing nos Estados Unidos “é a pior estratégia”. A orientação é manter exposição definida e adequada ao perfil do investidor.
Em sua carteira recomendada, o UBS reforçou a posição em ações norte-americanas, voltou a comprar papéis europeus e elevou a fatia em emergentes, com destaque para Brasil e Índia. Já a XP projeta que, em 2026, a renda fixa seguirá majoritária nos portfólios domésticos, mas com maior participação de papéis indexados à inflação e prefixados.
Imagem: infomoney.com.br
Para a bolsa brasileira, a casa revisou o valor justo do Ibovespa de 185 mil para 220 mil pontos, levando em consideração a tendência de queda gradual da taxa de juros real e a manutenção dos fundamentos corporativos. Entre os setores preferidos estão imobiliário, bancos, consumo selecionado, farmacêuticas e utilities.
Sgavioli ressaltou que muitos investidores reduziram exposição a ações no início de 2025 e acabaram perdendo um rali que ultrapassou a projeção anterior de 160 mil pontos para o Ibovespa. “Mais importante do que decidir se vai ou não ter bolsa é definir o tamanho da posição e escolher os instrumentos corretos”, afirmou.
O Onde Investir 2026 segue ao longo da semana com a participação de analistas e economistas, incluindo Caio Megale (XP) e Rafaela Vitória (Banco Inter), que discutirão o ciclo de cortes de juros do Banco Central, inflação e cenário fiscal.