A Comissão Europeia apresentou nesta terça-feira (7) um pacote de medidas que inclui a elevação de 25% para 50% da tarifa aplicada às importações de aço que excederem as cotas livres de impostos, numa estratégia para proteger a siderurgia do bloco da concorrência chinesa.
O plano reduz em 47% o volume anual de aço que pode entrar na União Europeia sem cobrança de tarifa, limitando a 18,3 milhões de toneladas — patamar equivalente ao registrado em 2013, antes do aumento estrutural da capacidade global de produção.
Além da alta tarifária, importadores de produtos siderúrgicos terão de informar em qual país o metal foi “fundido e moldado”, requisito destinado a coibir manobras de desvio das barreiras comerciais.
As propostas ainda precisam do aval dos 27 Estados-membros e do Parlamento Europeu. A Comissão busca adotar as regras antes de 1º de julho de 2026, quando expira a atual cláusula de salvaguarda criada em 2019.
Segundo o vice-presidente da Comissão, Stéphane Séjourné, a siderurgia europeia perdeu 18 mil empregos diretos em 2024. O comissário de Comércio, Marcos Sefcovic, destacou que a capacidade mundial excedente é cinco vezes superior ao consumo anual da UE.
O setor reagiu positivamente. Aditya Mittal, diretor da ArcelorMittal na Europa, afirmou sentir “alívio” com a iniciativa. A associação Eurofer classificou o pacote como um “salva-vidas”.
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Dados da World Steel indicam que, no ano passado, a China produziu mais de 1 bilhão de toneladas de aço, superando amplamente Índia (149 milhões), Japão (84 milhões) e Estados Unidos (79 milhões). Na Europa, a produção foi bem menor: Alemanha (37 milhões), Espanha (12 milhões) e França (menos de 11 milhões).
Diante da queda de preços e do aumento dos custos de energia, empresas europeias anunciam cortes e reestruturações. A Thyssenkrupp estuda vender sua divisão de aço para a indiana Jindal Steel, e a ArcelorMittal eliminou 600 postos de trabalho na França, além de ameaçar cancelar um projeto de descarbonização.
Paralelamente, Bruxelas negocia com Washington uma isenção das tarifas norte-americanas sobre o aço europeu, buscando alinhar esforços contra a pressão do excedente de produção chinês.