São Paulo, 8 de agosto de 2025 – As ações da Ultrapar (UGPA3) figuraram entre as maiores baixas do Ibovespa nesta sexta-feira. Por volta das 13h40, os papéis recuavam 3,50%, cotados a R$ 16,83, depois de chegarem a cair 4,70% na mínima do dia.
A pressão vendedora ganhou força após o Conselho de Administração da Petrobras (PETR3; PETR4) aprovar, na véspera, o retorno da companhia ao mercado de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente chamado de gás de cozinha.
Em relatório, os analistas Vicente Falanga e Ricardo França, da Ágora/Bradesco BBI, afirmaram que a intenção formal da estatal gera volatilidade em Ultrapar, controladora da Ultragaz, diante da expectativa de maior competição e possível pressão sobre preços.
Segundo a dupla, uma entrada rápida da Petrobras dependeria de eventuais fusões e aquisições, ainda sujeitas aos processos internos de governança da companhia, o que poderia retardar o movimento.
Os analistas também destacaram que qualquer avanço na distribuição de combustíveis exigiria parcerias, conforme mencionado pela petroleira no comunicado ao mercado, mas ainda sem detalhes claros.
No mesmo comunicado, a Petrobras ressaltou que continuará respeitando acordos vigentes, incluindo uma cláusula que impede sua atuação na distribuição de líquidos até 2029, prevista no contrato de marca com a Vibra Energia (VBBR3).
Imagem: Liliane de Lima via moneytimes.com.br
O Itaú BBA lembrou que o segmento de GLP passou por profundas transformações após a privatização da Liquigás, concluída em 2021. De acordo com a analista Monique Grecco, em 2022 as distribuidoras ampliaram as margens para compensar a dificuldade de repassar integralmente os aumentos de preços das refinarias no ano anterior.
Desde abril de 2022, quando as cotações do GLP da Petrobras iniciaram trajetória de queda acompanhando o mercado internacional, os participantes do setor conseguiram expandir de forma sustentável as margens de distribuição e revenda, mesmo com preços finais mais baixos para o consumidor, acrescentou Grecco.
Apesar do ambiente competitivo mais intenso, os analistas avaliam que o cronograma da Petrobras e eventuais alianças estratégicas serão determinantes para medir o impacto efetivo sobre a Ultrapar nos próximos anos.