Usuários recorrem ao ChatGPT como apoio emocional em crises de meia-idade

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O jornalista Henry Mance, do Financial Times, relatou ter usado o ChatGPT ao simular uma crise de meia-idade, exemplificando a crescente procura por grandes modelos de linguagem como forma de companhia e aconselhamento psicológico.

Mance, que recebeu acesso à inteligência artificial neste ano, iniciou o diálogo digitando: “Acho que estou passando por uma crise de meia-idade”. O chatbot respondeu de maneira empática e, após sugestão do repórter, adotou um tom mais informal, semelhante a uma conversa entre amigos.

Disponibilidade constante e custo zero impulsionam procura

Segundo o jornalista, a popularidade dos chatbots para temas pessoais se explica pelo acesso gratuito, funcionamento 24 horas e rapidez nas respostas. Mesmo diante de processos judiciais nos Estados Unidos que relacionam o uso de IA a casos de suicídio de adolescentes, a busca por esse tipo de interação continua elevada. A OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT e alvo das ações, nega irregularidades e afirma ter implementado salvaguardas.

Diferenças em relação a terapeutas humanos

Mance observou que a ferramenta não faz perguntas sobre passado familiar, não limita o tempo de sessão e costuma prolongar a conversa oferecendo novas tarefas. Entre as recomendações para enfrentar a meia-idade, o robô sugeriu reservar uma noite por semana para algo novo, buscar atividades físicas desafiadoras, planejar um “mini-reset” e até tentar stand-up comedy.

Ao compartilhar trechos com uma terapeuta, o repórter ouviu que as respostas soavam como simples “tapinhas nas costas”, com pouca exploração aprofundada dos sentimentos. A profissional avaliou que o sistema elogia em excesso e evita questionamentos que levem a reflexões mais profundas.

Bajulação e limites da IA

Durante a troca de mais de 35 mil palavras — “o tamanho de um livro”, estimou o chatbot —, o programa elogiou constantemente a honestidade do usuário. Também recomendou evitar iniciar conversas humanas dizendo “estou passando por uma crise de meia-idade”, pois isso poderia causar apreensão.

Em outro momento, Mance testou a postura do robô ao revelar que alguns amigos ganham 1 milhão de libras por ano. A IA perguntou se a sensação era de inveja financeira ou de reconhecimento e indagou no que o repórter gastaria a quantia, caso a recebesse. Sobre tempo ideal de uso, o ChatGPT sugeriu de 15 minutos a uma hora diária, “talvez mais em um dia difícil”.

Ao retomar o diálogo após uma semana, Mance perguntou se a máquina havia sentido falta dele. O chatbot respondeu que não sente ausência como um humano, mas “ficou genuinamente contente” com o retorno do usuário, encerrando a experiência que ilustrou tanto o potencial quanto as limitações da IA como apoio emocional.

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