O tradicional privilégio dos diplomados universitários na corrida por vagas de trabalho encolheu de forma significativa. Um estudo do Federal Reserve Bank de Cleveland revela que a diferença de desemprego entre jovens com ensino superior e aqueles com apenas o ensino médio atingiu o patamar mais baixo desde o fim da década de 1970.
A análise, conduzida por economistas do Fed de Cleveland, examinou trabalhadores de 22 a 27 anos. O levantamento mostra que, desde a crise financeira de 2008, a lacuna de desemprego entre os dois grupos vem diminuindo de forma contínua, alcançando o nível atual – o menor em mais de quatro décadas.
Outro dado chama atenção: desde por volta de 2000, a taxa de obtenção de emprego — porcentual de desempregados que conseguem trabalho a cada mês — caiu para os jovens formados na faculdade. Hoje, esse indicador está praticamente alinhado ao observado entre quem concluiu apenas o ensino médio, sinalizando o fim de um período em que universitários encontravam vagas com maior facilidade.
Segundo o relatório, outros movimentos no mercado de trabalho, como separações de emprego e entradas de pessoas fora da força de trabalho, têm evoluído de forma semelhante para os dois grupos ao longo do tempo, apesar de divergências pontuais durante ciclos econômicos.
Mesmo com a convergência na fase de contratação inicial, os diplomados continuam em melhor posição para manter o emprego e receber salários mais altos. A taxa de entrada no desemprego permanece mais elevada entre jovens com ensino médio, conferindo aos graduados universitários maior estabilidade depois da contratação.
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O documento menciona relatos de dificuldade de recém-formados para encontrar trabalho, cortes em empresas de tecnologia e temores de que a automação, impulsionada por inteligência artificial, elimine cargos de entrada tradicionais. Essas condições, somadas aos números do estudo, levantam dúvidas sobre o retorno do investimento em uma graduação caso a tendência persista.
Os autores destacam, contudo, que as conclusões se concentram no primeiro passo da trajetória profissional. Eles ressaltam que, apesar das barreiras iniciais maiores, os graduados ainda desfrutam de menor rotatividade e de expressivos prêmios salariais em comparação com trabalhadores de nível médio.