Anchorage (Alasca) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sentam-se frente a frente hoje na capital do estado do Alasca, coroando seis meses de movimentos diplomáticos, econômicos e militares calculados que aproximaram os dois líderes.
12 de fevereiro de 2025 – A Rússia enfrenta interrupções na produção de petróleo, consequência de sanções e ataques com drones.
15 de fevereiro de 2025 – O G7, com apoio discreto de Washington, decide vincular futuras sanções a “passos concretos de paz”, abrindo possibilidade de alívio mediante negociações.
Março de 2025 – Moscou envia aos Estados Unidos uma lista de pedidos para a suspensão de sanções, com ênfase na reconexão ao sistema bancário SWIFT. Em 26 de março, a União Europeia assume a discussão sobre o tema, enquanto o Tesouro americano sugere que o Rosselkhozbank, banco estatal ligado ao setor agrícola, poderia ser o primeiro a ser reintegrado caso a Rússia avance rumo a um cessar-fogo.
Abril de 2025 – Surgem relatos de que Washington considera permitir, no pós-guerra, projetos de energia e metais envolvendo empresas russas, oferecendo incentivo de longo prazo sem custos imediatos.
Julho de 2025 – Trump autoriza a venda de sistemas de mísseis Patriot e veículos de combate Bradley para a Ucrânia, financiados por Kiev. Dias depois, o Departamento de Estado libera mais US$ 322 milhões em equipamentos militares, reforçando a pressão sobre Moscou.
6 de agosto de 2025 – A Casa Branca dobra tarifas sobre produtos indianos para 50%, alegando aumento das compras de petróleo russo por Nova Délhi.
Imagem: Tanvi Ratna FOXBusiness via foxbusiness.com
8 de agosto de 2025 – Trump ameaça tarifas de até 100% a qualquer país que continue adquirindo petróleo da Rússia, mirando principalmente Índia e China, principais clientes de Moscou.
A escolha do Alasca oferece solo norte-americano sem a carga simbólica de Washington nem a visibilidade de capitais europeias, além de ressaltar interesses comuns no Ártico. O local vinha sendo cogitado desde fevereiro.
Negociadores deverão debater:
Margem de manobra preservada: a Casa Branca mantém a ameaça de sanções secundárias completas e ajustes na postura da OTAN; o Kremlin conserva a opção de ampliar operações em outros teatros ou acelerar planos de moeda comum no BRICS.
Independentemente do resultado, a reunião no Alasca reflete uma estratégia baseada em quatro frentes interligadas – ritmo militar, fluxos financeiros, receitas de energia e diplomacia – que reduziu gradativamente o espaço de manobra dos dois países até convergir para o encontro de hoje.