Mesmo com a Selic mantida em 15% ao ano, 54 fundos imobiliários com patrimônio superior a R$ 100 milhões pagaram dividendos acima do CDI nos últimos 12 meses, segundo levantamento da Economática. Os rendimentos chegaram a 55,99% no período, e sete carteiras registraram dividend yield superior a 20%.
A tabela a seguir mostra os 20 fundos com o maior retorno em dividendos:
Fundo – Código – Dividend yield (12 meses) – Patrimônio (R$ mil)
Edifício Almirante Barroso – FAMB11 – 55,99% – 223.863
Trx Real Estate II – TRXB11 – 23,53% – 378.440
Gazit Malls FII – GZIT11 – 21,52% – 1.975.275
FII Fortaleza – ABCP11 – 21,48% – 503.544
BTG Pactual Shoppings – BPML11 – 20,68% – 919.823
Brio Real Estate III – BRIP11 – 20,30% – 120.849
Valora Renda Imobiliária – VGRI11 – 20,26% – 373.558
Kinea Oportunidades – KORE11 – 19,82% – 1.019.305
FII Polo Shopping Indaiatuba – VPSI11 – 19,28% – 248.004
Riza Akin – RZAK11 – 19,21% – 772.327
Cartesia Recebíveis Imob. – CACR11 – 18,05% – 363.589
Hospital Nossa Sra. de Lourdes – NSLU11 – 17,85% – 283.154
Ourinvest JPP – OUJP11 – 17,67% – 327.475
RB Capital Renda II – RBRD11 – 17,50% – 120.394
Habitat Recebíveis – HABT11 – 17,48% – 770.020
RB Capital Desenv. Residencial IV – RBRI11 – 17,34% – 140.201
Kilima Volkano Recebíveis – KIVO11 – 17,28% – 190.362
Mauá Capital Real Estate – MCRE11 – 16,95% – 1.123.137
HBC Renda Urbana – HBCR11 – 16,89% – 187.073
Santander Papéis Imob. – SAPI11 – 16,78% – 153.031
Para Marcos Baroni, head de fundos imobiliários da Suno Research, a decisão do Copom de manter a Selic teve efeito limitado sobre o setor, pois já era esperada. Ele calcula que o Ifix — índice que reúne os FIIs negociados na B3 — acumula retorno total próximo de 18% ao ano, podendo chegar a 20% em carteiras bem diversificadas.
Baroni projeta início do ciclo de cortes de juros no primeiro trimestre de 2025, possivelmente já em janeiro, com a taxa podendo recuar para algo entre 9% e 10,5% até 2027. Na avaliação dele, esse cenário favorece os fundos imobiliários, embora a volatilidade possa aumentar em períodos eleitorais.
Gabriel Casonato, sócio da AVIN, observa que muitos FIIs possuem ativos atrelados à inflação e ao CDI, o que sustenta rendimentos acima da taxa básica. Ele aconselha reduzir a exposição a fundos de “papel” — focados em recebíveis — e aproveitar o desconto de cotas de fundos de “tijolo” antes da queda dos juros.
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Ricardo França, analista da Ágora, mantém preferência pelos fundos de papel enquanto a Selic estiver em 15% ao ano. Para 2025, com expectativa de taxa média de 13%, ele sugere migração gradual para segmentos de shopping centers, lajes corporativas e galpões logísticos.
Maria Giulia, analista da Rico, ressalta que a classe de FIIs acumula alta superior a 17% no ano e reage mais à curva futura de juros do que à Selic corrente. Ela lembra que os dividendos variam conforme a política de cada fundo e recomenda atenção ao retorno total, à qualidade da gestão e à diversificação dos ativos.
Os especialistas convergem na orientação de manter visão de longo prazo e preparar as carteiras para o provável ciclo de afrouxamento monetário a partir de 2025.